sábado, 5 de julho de 2014

O manifesto dos 25

O MANIFESTO DOS 25.
É verdadeiramente comovente a saga dos notáveis do partido socialista e a sua equidistante isenção democrática em relação ao seu secretário-geral. Agora deram em massacrá-lo diariamente, estornicando-o em banho-maria, num agonizar lento, a fazer lembrar os tempos da torquemada inquisição medieval.
Ora num, ora noutro dia, lá aparecem os gloriosos vultos da notabilidade socialista a empurrar o seu candidato preferido (António Costa), no dizer de uns "mais fiável",  "em melhores condições internas e externas", segundo outros, "mais preparado" no dizer de quase todos, chegando ao ponto de  lisonjear o seu - por pouco tempo - atual secretário-geral, com o epíteto de "o menos preparado e com menos currículo". Esta última sentença, digo eu, de morte, foi proferida por uma das suas mais notáveis figuras do partido, precisamente Nuno Godinho de Matos, advogado, ex-membro do Parlamento desde 1975, ex-secretário e chefe de gabinete do então ministro da Justiça, Salgado Zenha, o tal que chegou também a ministro das Finanças (e que, no dizer do Dr. Cunhal, nessa altura, lhe teria dito em particular que nada percebia de finanças, mas que fora indigitado para o cargo e que o aceitara com o sentido de responsabilidade que o caracterizava). Voltando a Nuno Godinho de Matos, signatário do dito Manifesto dos 25, há ainda uns pormenores curiosos que convém relembrar: para além de Membro da Comissão Nacional de Eleições, cargo de que se demitiu, na sequência da polémica gerada após ter aceite representar Moita flores, candidato do PSD, à Câmara de Oeiras, 
polémica essa com o candidato do PS à mesma Câmara, Marcos Sá que o acusou de incompatibilidade nas funções e que o obrigou a pedir a demissão desse cargo, Nuno Godinho de Matos, para além de ter sido o advogado dos arguidos alemães no processo de venda dos submarinos ao Estado português, acumula ainda uma interessante representação, sendo precisamente o advogado de Armando Vara, no processo Face Oculta, onde, proferiu prodigiosos comentários, à custa de uma subtil comunicação, especialidade que lhe vem de tempos antigos, a par da excepcional experiência que acumulou na transição para a empresa: Uría Menéndez - Proença de Carvalho (uma das mais "conceituadas" sociedades de advogados, o que em linguagem da especialidade significa: uma das empresas preferidas para pronunciar pareceres jurídicos que os governos encomendam há muitos anos e que constitui um dos maiores cancros, associados ao despesismo do estado republicano), para onde foi em 1978. Convém ainda relembrar que o dito fundador do partido socialista, a propósito da polémica das escutas telefónicas, nomeadamente as que envolviam o antigo ex-primeiro, José Sócrates, considerou, e passo a citar o Jornal de Notícias, "inequívoca a resposta do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento, para as destruir". "Surpreendentemente - continua, no mesmo JN de 19 de Nov. de 2012 - , as escutas continuam a não ser destruídas. Isto, tal como já disse (reafirma Godinho  de Matos) é  uma golpe de estado judiciário, sendo um perfeito disparate o argumento de comparar o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, a um Juíz de instrução de qualquer comarca do país". Se Sócrates e Vara fossem inocentes, qual o receio de serem publicadas as suas palavras? Por que é que, em França, o ex-presidente Sarkosy vai a tribunal responder por um crime de tráfico de influências, com base em escutas telefónicas e o ex-primeiro ministro passa incólume no processo das escutas? Quem o defende e porquê? E já agora, por que razão Noronha de Nascimento compareceu na cerimónia de apresentação do livro de Sócrates sobre a "Tortura em regimes democráticos"? E o que dizer do antigo Procurador geral da República, Pinto Monteiro que também compareceu na dita apresentação? Coincidências, demasiadas coincidências! Já perceberam, agora, por que razão Godinho de Matos apoia Costa? 
Manuel Feliciano



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