sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O bufo

   O bufo do regime, mais conhecido por "Ganda Nóia", não pára de nos surpreender. Há dias, quando viajava para a minha escola, ouvindo o noticiário da Antena1, praticamente a única rádio que sintonizo, ouvi o jornalista de serviço referir que Marques Mendes tinha dito, na TVI 24, na noite anterior, que o Guião para a reforma do Estado, de Paulo Portas,  tinha 90 páginas, com um título de que agora não me recordo  e que, portanto tinha mais cerca de 30 páginas do que o guião apresentado na última sessão do Conselho de ministros.
    Afinal, o tiro saiu-lhe pela culatra. Com todo aquele frenesim de menino mimado que se estica para ser sempre o primeiro a responder à pergunta do professor, Marques Mendes, à maneira de um qualquer pide barato e sem escrúpulos, revelando uma falta de ética inacreditável, não olha a meios para atingir os fins. Tudo lhe serve para divulgar, em primeira mão, uma notícia de vacuidade rotunda, perfeitamente anedótica e sem qualquer interesse político. A "secretariazeca" rastejante, de que se serve, e provavelmente a quem paga, para obter estas preciosas informações, há muito que deveria andar a lavar escadas. Mas, pensando melhor, não será provavelmente essa funcionária da limpeza que lhe presta tão relevantes serviços?
Manuel Feliciano

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Confiança no mundo ou o regresso do ditador.

   Quando, em junho de 2011, escrevi, aqui neste blog,  "Requiem para um ditadorzinho encapotado", embora o admitisse intimamente, estava longe de imaginar que, o mais refinado, melífluo e pernicioso político português dos últimos 50 anos, tivesse a ousadia de regressar à atividade.
    A pretexto de um livro que escreveu sobre a tortura em regimes democráticos - ele lá sabe do que fez, durante estes anos todos em que nos torturou sadicamente - resta saber se o livro foi mesmo de sua autoria ou não será algum plágio de alguma daquelas obras que, o agora "mestre Sócrates", diz que foi consultando em casa pela internet. Já agora, aproveito para dizer que, foi no mínimo bizarro que Sócrates, com aquele arzinho angelical de menino inocente e cândido - foi assim que a Sic Notícias nos vendeu o peixe - se apresente numa sessão de lançamento do seu primeiro livro, rodeado do inevitável adolescente Mário Soares que, ora espuma de raiva contra os delinquentes ministros de Passos Coelho, ora se extasia com a magnanimidade do seu pupilo predileto, autor de cerca de cinquenta parcerias público-privadas e que empurrou o país e o seu povo para o resgate, de que estamos todos a pagar a fatura.
   Não menos embevecido com tão sábio filósofo, Lula da Silva, figura mais que duvidosa do mensalão brasileiro, rejubila com a magnífica sapiência de tão fantástico mestre, desata a pedir, que o autor do livro, regresse já à política portuguesa porque o país está moribundo e é urgente ressuscitar.
   Comovida e agnóstica, a clique socialista, instalada e subserviente - há sempre um favorzinho futuro que espera por si - comparece em massa, já antevendo benesses e mordomias, privilégios e comendas.
 O ar cheira a poder. E o poder a podridão.
Manuel Feliciano.

domingo, 28 de abril de 2013

O discurso de Cavaco

v   O discurso de Cavaco Silva, na sessão comemorativa do 25 de Abril, provocou uma reação irrefletida e intempestiva, radical e populista de todos os partidos da oposição. A comunicação social deu o destaque correspondente, alimentando, nos corredores e nos painéis informativos, a ideia de que o mau da fita, agora, é o presidente da República. Qualquer pessoa minimamente inteligente sabe que o discurso de Cavaco foi um discurso de verdade. A verdade do país encontra-se ali, naquele punhado de apontamentos cuidadosamente elaborados para não ferir ninguém de bom senso. Só que, os partidos da oposição e nomeadamente o partido socialista não querem ouvir a verdade. Custa-lhes assumir que foram os principais obreiros (não os únicos) do desastre calamitoso em que se encontram as finanças deste país, embora o presidente não o tenha mencionado. Custa-lhes assumir que o que propunham - se é que propunham alguma coisa - não era minimamente credível sem que houvesse austeridade, contenção do frenesim despesista expansionista, como disse Gaspar, no brilhante discurso na Assembleia da República no dia da apresentação da moção de censura pelo partido socialista, discurso esse que curiosamente a comunicação social não deu relevo absolutamente nenhum. E aqui passo a acusar, porque é uma coisa que me preocupa seriamente: a cumplicidade com que a comunicação social vem atuando nestes últimos tempos, contribuindo para uma onda de intriga palaciana falaciosa, de exasperação exibicionista em tudo o que é sítio de comentário político, escolhendo a dedo os comentadores antigoverno, disfarçados de gurús, e os entrevistados já previamente selecionados para dizer mal do Governo ou do primeiro-ministro, esquecendo aquilo que o governo tem feito de positivo. A recente ocultação, subrepticiamente feita pela comunicação social, da execução orçamental do mês de Março mostra, sem qualquer dúvida, que o objetivo da comunicação social dominante é, não a informação sobre a verdade dos factos, mas sim a promoção de um clima de crispação, artificialmente provocado, com base em supostas intrigas políticas que se cruzam nas áreas do poder - de que os bufos do regime, tipo Marques Mendes, são o protótipo - para minar a credebilidade do primeiro-ministro e do ministro das finanças. Em última análise, o desiderato de boa parte da comunicação social é deitar o governo abaixo, sonhando os tempos áureos do socratismo onde esta gozava de previlégios especiais, melhores salários e mordomias, à custa dos contratos milionários entre o anterior governo e as administrações dos jornais, através da injeção de publicidade paga pelas empresas com quem o governo tinha relações preferenciais (não se esqueçam das PT's e dos Ruis Pedros Soares com quem Sócrates se entendia muito bem).
   As entrevistas semanais ou bi-semanais da Antena 1, são o exemplo perfeito do que tenho afirmado. Não há semana que passe que não se entreviste personagem política, dita relevante, ou destacada iluminária anti-fascista, normalmente engalanada de comenda - com alguma subvençãozinha vitalícia -   que não desate aos berros contra Passos Coelho e este governo que quer acabar com o estado social, o serviço nacional de saúde ou a escola pública. No fundo, o que desejam ardentemente é que tudo fique na mesma, isto é, que continuem a beneficiar dos privilegiozinhos conquistados com umas excepções constitucionais, a que o povo não tem direito nem sequer pode sonhar. Não há pachorra para isto!
Manuel Feliciano

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de Abril de1974

   Há 39 anos atrás, tinha eu 20 anos, o amanhecer do dia 25 de Abril foi inesperado e festivo. Mais cedo do que o costume, por volta das seis da manhã,  acordaram a ala do primeiro piso com murros na porta e frases ritmadas: "Houve uma revolução!", "O regime caiu!" "Liguem os rádios"!
   As Laudes que começavam impreterivelmente às sete e meia em ponto, nesse dia, foram mais breves que o habitual. Todos queriam chegar ao refeitório, o mais rapidamente possível, para saberem as novidades. Só o Frei  X, homem tarimbado nas missões africanas é que se mostrava mais céptico e desconcertante: "Isto vai acabar mal. Lembrem-se, rapazes, do que eu vos digo: isto, esta revolução, ou lá o que é, só nos vai trazer problemas! Depois não digam que eu não vos avisei!"
   Ninguém queria saber do que o pobre do Frei X dizia. Havia no ar um não sei quê de mistério e de suspense mas ao mesmo tempo uma  sensação de alívio e de grande esperança. 
   O doutor Montes, nosso irmão de hábito e secretário da Católica, sugeriu que ficássemos em casa a ouvir as notícias e a aguardar mais detalhes. Por isso, para comemorar a novidade do evento, decidimos fazer um jogo de futebol às dez, no campo do jardim do palácio, entre as duas alas do edifício mais recente: filósofos contra teólogos. O jogo foi disputadíssimo e terminou abruptamente, não pela entrada em jogo de algum pide fugido à turba em polvorosa, mas pela queda aparatosa, em lance de fino recorte técnico,  do superior do convento, frei Mário Silva que alinhava pelos teólogos, e que fraturou um braço, tendo que ser assistido  no Hospital. A chatice de tudo aquilo foi que, como era o músico da casa, teve de ficar uns tempos sem poder tocar e nos mostrar as últimas criações que vinha produzindo.
   Hoje, passados 39 anos,  sinto alguma nostalgia desse tempo e recordo alegremente essa madrugada libertadora, mas com a convicção de que os políticos podiam ter feito muito mais pelo país e pelos portugueses, não fora a mesquinhez tacanha e a subserviência canina  dos líderes de então aos ideais pseudo-revolucionários e fantasmagóricos do novo regime. 
Manuel Feliciano




domingo, 21 de abril de 2013

O excelentíssimo comentador

   Agora, por dá cá aquela palha, toda a gente opina, toda a gente dá  palpite sobre o governo, sobre as medidas a serem implementadas, sobre remodelações, sobre tudo e mais alguma coisa.
   O mais caricato de tudo isto é que, por imperativo de sobrevivência das  televisões, convidam-se ex-ministros, ex-liders partidários, falhados do regime, para comentar a atuação governativa, denegrindo, minando subrepticiamente e às claras, enfim, alimentando num corropio falacioso argumentativo  a plateia socialista -  desde a mais à direita oportunista e privilegiada à mais à esquerda, fraturante e parasitária - que reclama destituição do governo já, eleições já, governo p´ra rua já!
   Entre as eminências excelentíssimas que causticam semanalmente  Passos Coelho está o sagacíssimo doutor Marques Mendes, mais conhecido por Ganda Nóia, o Bufo, o mais asqueroso, rasteiro e fedorento comentador de que há memória. Sua excelência tem o desplante e a lata de, aproveitando-se de informações que lhe chegam à mão - vá lá saber-se como - não só dizer mal do governo mas também, numa atitude inqualificável de requinte pidesco, apresentar as medidas que o governo tem intenção de realizar. Isto a propósito da sua mais recente intervenção na TVI de ontem, a que eu não assisti, mas de que hoje tive conhecimento num outro canal, a SIC. A propósito, porque não desligar o botão, quando esta sumidade ridícula, armado em gurú iluminado, rasteja pelo pântano da maledicência e da intriga?
   Outro dado novo que me preocupa é a onda de miserabilismo informativo, execrando e contumaz, que campeia em alguns órgãos de comunicação social que, todos à uma, têm o mesmo objetivo: derrubar o governo, criar um clima de "revolução abrilista", de duvidosa idoneidade, tipificada nas "grandoladas" de há uns tempos atrás. Como muitos dos democratas de Abril e de sempre, cantei e cantarei "Grândola Vila Morena" do saudoso Zeca Afonso. O seu legado e herança, democrática e musical, é de todos, é do povo português e não de apenas alguns apaniguados que pensam que têm o exclusivo da democracia, muitos deles cúmplices dos milhares de assassinados nos "Gulags" do sovietismo kapagebiano, tão nazi como os sequazes de Pinochet ou de Kin Iong Un.
Manuel Feliciano

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Os homens do "Sistema"

   O clima de intriga política que se vive, hoje, em Portugal, - alimentado por uma comunicação social, ávida de sensacionalismo e de regresso ao passado recente, a que não é alheio o facto do Governo ter "mexido" ou pretender "vir a mexer" nalgumas "vacas sagradas" do regime, como por exemplo a RTP, a TAP, etc, - é deveras preocupante, não fosse o caso de existir no nosso país uma entidade que se chama Presidente da República. De facto, Cavaco Silva tem sido nestas últimas semanas a garantia sólida de que, afinal, o poder não está na rua, não está na influência persuasiva dos comentadores políticos, nem na pseudo-argumentação de outras "vacas sagradas do regime"  - como o doutor Mário Soares, o doutor António Arnault, o doutor António Capucho, o doutor Pacheco Pereira e de outros doutores do mesmo regime, engalanados de comendas de duvidoso merecimento e alimentados de privilégios de não menos duvidosa equidade (reformas volumosas, subvenções vitalícias, mordomias e alcavalas que fazem ressuscitar de revolta qualquer ente mortal) - mas o poder está, sim, no Parlamento, eleito pelo povo em eleições democráticas recentes.
   A forma insidiosa e malévola como, por exemplo, Pacheco Pereira, na "Quadratura do Círculo", faz conjeturas contra o actual Primeiro-Ministro e o Governo,  chega a roçar a mais desconcertante e jacobina intriga palaciana, de que há memória no passado recente. E vá lá saber-se porquê? Reminiscências de um passado estalinista? Desencantamento com a queda do muro de Berlim? Conversão (precipitada?) ao que estava a dar, no momento, ao cavaquismo folclorizado? Como é que um poço de sabedoria republicana e uma sumidade na história recente do Estado Novo passa de uma assanhada defesa da social democracia para um incendiário talibanismo anti-passiano? O ressabiamento tem razões que o comentador desconhece.
Manuel Feliciano

sábado, 6 de abril de 2013

O túnel

   Como previra na última comunicação "Para o fundo...", os gloriosos e inatacáveis juízes do Palácio de Ratton que , a partir de agora passarei a apelidar de "os ratoneiros", os mesmos que se reformam com uma pensão vitalícia, ao fim de dois mandatos do seu extraordinário magistério judicial - e aqui está uma inequívoca demonstração do sentido de justiça e de equidade que a Constituição da República garante e de que estes senhores e senhoras são o protótipo a seguir - suas eminentíssimas excelências decidiram, do alto da sua infalibilidade constitucional, atirar o país e o seu futuro para o cano de esgoto.
   A histeria coletiva da esquerda, de toda a esquerda,  - desde o Bloco bicéfalo e parasitário, ao PC estalinista e sindicalizoide, passando pelo PS, agarotado e pressionado pelos novos ventos narrativos que sopram de Paris - , apoderou-se dos meios de comunicação social e do país, exigindo, já, a demissão do Governo, reclamando eleições, sonhando poder.
   O Governo está reunido, avaliando os estragos no navio, medindo em milhões de euros o rombo que mete água e ameaça afundá-lo. Que decisões irão tomar? Demitir-se? Remodelar? Apostar no mesmo rumo, mas com algumas nuances?
   A decisão é difícil, titânica. Não há margem de manobra. Mas como os portugueses são um povo que não desiste e, sobretudo, um povo que tem ideias, alguma ideia brilhante irá surgir em breve que nos projete para um patamar novo de esperança e de futuro.
   "Os ratonistas" (ou "ratoneiros"?), pensando mais com o umbigo do que com os neurónios, pregaram, de forma desigual e sectária, um grande murro no Zé povinho e quase o atiraram fora do ringue. Neste momento, o Zé está agarrado às cordas a tentar reequilibrar-se, respirando com dificuldade. Mas, eis que se põe de pé e se prepara para golpear o impostor. A sua força interior, que lhe vem do sofrimento, do trabalho intenso e da crença nunca vencida, levá-lo-á a ultrapassar as dificuldades e a vencer a besta negra, de negro vestida, presunçosa e infalível.
Manuel Feliciano 

terça-feira, 2 de abril de 2013

Para o fundo

   O que há de comum entre um ex-presidente de uma das câmaras municipais mais ricas do país (ricas considerando o rendimento per capita dos seus munícipes) e um ex-secretário geral do Partido Comunista Português? Resposta: o desejo do derrube do actual Governo, liderado por Passos Coelho.
   Algo vai mal, neste reino da Dinamarca, quando António Capucho, destacado membro do PSD, conselheiro de Estado e figura emblemática dos notáveis cavaquistas, e Carlos Carvalhas, ex-candidato a Belém, apoiante do regime de Kim Ioung Un, da Coreia do Norte, bajulador de todos os ditadores que ceifaram milhões de vidas nos "Gulags", se põem de acordo em relação à queda de um Governo, legitimamente eleito pelo povo português em recentes eleições democráticas.
    Não estou a falar de cor. Vi e ouvi, hoje, por volta meia-noite, no programa da Sic Notícias.
    O que está por detrás de tal trama?
    E o que estará por detrás da trama que leva Marcelo Rebelo de Sousa, a dizer que "gostou da entrevista de Sócrates", na sua recente aparição na televisão pública?
    O que estará por detrás da trama que leva o mesmo Marcelo, o mais intrigista de todos os analistas políticos de que há memória, a desejar o afastamento de Vitor Gaspar e do ministro da economia, senão o objectivo de criar uma onda de consenso em torno de si próprio, com vista à corrida presidencial?
     E o que dizer do mais rasteiro e minorca comentador político, ex-membro do governo de Cavaco Silva, ex-candidato a líder do PSD, Marques Mendes, o Ganda Nóia, o "bufo", que, em tudo quanto é tempo de antena, desanca no Governo, reclama saídas, sugere nomes para remodelações, enfim, contamina subrepticiamente a ação dos governantes e o trabalho, difícil e penoso, que está a ser feito.
     O fim disto tudo parece-me evidente. Com tanta oposição, mesmo daqueles que em princípio deveriam dar o benefício da dúvida a este governo, com tanta contestação, mesmo daqueles que se situam teoricamente no mesmo arco político, o Governo acabará por se desmoronar ou se demitir, ou ser demitido, e então é que eu quero ver que soluções estes papagaios do comentário político vão propor para um país em queda livre, sem paraquedas, e com a agravante de necessitar de um segundo resgate financeiro.
     "Para o fundo e em força" parece ser a palavra de ordem que os novos arautos da estupidez política pretendem implementar. O Tribunal Constitucional virá em sua ajuda para animar a Festa e depois eu quero ver se não aparece por aí um certo sujeito a reclamar uma nação nova, uma pátria nova, com portugueses novos, arrojados e limpos que darão uma vassourada nesta corja de oportunistas, desgraçados e corruptos.
     Manuel Feliciano

domingo, 31 de março de 2013

Pressões

   Enquanto o Tribunal Constitucional (TC) não se pronuncia sobre o Orçamento de Estado (OE), os comentadores políticos de trazer-por-casa, a que estamos obrigados a ouvir, não cessam de comentar a grave actuação do primeiro-ministro que, no dizer de quase todos, fez pressão sobre aquele orgão constitucional, chegando ao ponto de a considerar chantagem inadmissível e anti-democrática.
   Então, o primeiro-ministro não pode apelar ao sentido de responsabilidade dos conselheiros daquele órgão? Era o que faltava! Ainda por cima um orgão não eleito democraticamente!
   O que está basicamente em causa é o seguinte: o país, a grande maioria da população portuguesa, vive uma situação de sufoco, de asfixia fiscal que não pode durar muito mais tempo. E para que não dure muito mais tempo, é urgente que o OE seja mantido como está, isto é, que os senhores conselheiros do dito cujo não decidam em função dos cortes que vão ter nos seus vencimentos privilegiados e nas benesses que vêm usufruindo, assim como toda a classe política e aqueles que desempenham cargos em estruturas de chefia nas empresas do estado - toda a gente sabe do que falamos - , mas decidam, sim, em função daquilo que é melhor para o futuro de Portugal e sobretudo das gerações vindouras.
   É importante fazer notar que a contestação a que o governo tem sido sujeito, em matéria de OE, tem vindo, não tanto do povo simples e desprotegido, da população que menos ganha, das pessoas com mais dificuldades económicas, mas sim daqueles que, tendo beneficiado desde sempre de grandes regalias, acham que não as podem perder e que portanto, também em função do seu poder junto dos Media, reclamam, protestam, vociferam, juntam vozes - mesmo que dissonantes do ponto de vista político - mas agora, todos em uníssono, fazem sentir a sua indignação perante o "roubo" da taxa de solidariedade  ou das reformas acima de 1350 euros. O mais curioso de tudo isto é que aqui se juntam ex-ministros, ex-presidentes da república, ex-deputados, ex-gestores públicos, ex-líderes partidários, sindicalistas de todas as tendências, militares e militares na reserva, estivadores, jornalistas, sobretudo de empresas públicas, e outras personagens sinistras a que não falta o bastonário da ordem dos advogados.
   Houve um tempo, não muito longínquo, em que alguém se atreveu a dizer que se deveria suspender a democracia durante um certo tempo - não especificou quanto. Não é necessário ir por aí, mas que vamos ter de fazer escolhas, lá isso vamos. Ou queremos sair do buraco em que nos encontramos, honrando os nossos compromissos, fazendo os necessários sacrifícios, extensíveis a todos (e não apenas aos mesmos) ou agarramo-nos, com unhas e dentes, à Constituição e deixamos tudo na mesma, tudo como está, agravando-se a situação financeira do país, sendo obrigados a um segundo resgate, e tudo porque, à pala da dita Constituição, não se pode mexer aqui, nem ali, nem neste artigozinho fulcral nem naquele absolutamente fundamental, sabendo nós que foi precisamente a reboque da dita Constituição que se cometeram as maiores atrocidades legais, consubstanciadas nos privilégios, isenções, mordomias e benesses que a classe política arrebanhou para si neste período, dito democrático do post 25 de Abril.
Manuel Feliciano

terça-feira, 26 de março de 2013

Onde estão os exemplos?

Li, há algum tempo, a entrevista do grande democrata - para não dizer: querido líder - Mário Soares, ao jornal Diário de Notícias. Nela patenteava, qual gurú iluminado, toda a sua superioridade política, feita de prosápia e de convicta presunção de que "a europa já não tem líderes, que o eixo franco-alemão é o responsável por tudo de mal que nos está a acontecer, que Portugal não vai lá com estas medidas de austeridade, que não conseguiremos desenvencilhar-nos desta visão neoliberal, refinada e cruel, etc.
E houve, porventura, dessa entrevista, algum gesto simples e sincero de mudança de vida, de solidariedade activa e de sintonia com o trágico destino do povo português? Nada, absolutamente nada. E por que razão? Precisamente porque os políticos nada dão e tudo esperam ter, pouco fazem e tudo ambicionam, pouco produzem (mesmo até ao nível das ideias) e nada realizam. Pior: nem se salvam nem deixam que os outros se salvem.
Joaquim Moita

Ganda Noia

   Marques Mendes, que ficou célebre num programa humorístico como o "Ganda Noia", tem-se revelado ultimamente como um caso perdido de alguém com uma dupla personalidade. Comentador político da TVI, arvorado em grande gurú em assuntos de estado, manifesta agora uma faceta curiosa e não menos ambígua que é a de um tipo "bufo" que vem comunicar, em primeira mão, à comunicação social  aquilo que ouviu em conversas de trabalho ou em círculo de amigos de pessoas próximas do governo ou do próprio núcleo-duro de Passos Coelho. Esta nova versão de político rasteiro e minorca traduz aquilo que eu sempre achei que ele fosse: um indivíduo de baixa estatura política e ética. Como é que um ex-ministro de um governo fraco e nú de ideias, liderado por um chefe que tomou decisões desastrosas - veja-se o caso das nomeações de Dias Loureiro, Duarte Lima, Oliveira e Costa e de tanta trampa cavaquista - tem o desplante, a lata de vir "arrotar postas de pescada", segundo a mais recente declaração do selecionador nacional,  sobre assuntos em que revelou tanta incompetência enquanto ministro dos assuntos parlamentares. Ficava-lhe bem um pouco de vergonha na cara e alguma decência para não cair no ridículo. Mas não. Esta nova classe de comentadores políticos, muitos deles ex-líderes políticos e ex-membros de governos de infeliz memória, não tem emenda nenhuma. Fazem lembrar a figura daquela noiva debochada que se arvora, posteriormente, em militante virgem mãe.
   Mas não pensem que é só Marques Mendes. Também Marcelo Rebelo de Sousa, o grande professor Martelo, caustica, no seu ar grave e dogmático, por vezes gasto e cheio de tiques, reveladores de alguma senilidade, o pobre do Pedro Passos Coelho, acusando-o de tudo e mais alguma coisa, sempre que alguma medida lhes mexe no bolso ou nos bolsos dos seus amigos previlegiados dos regime.
   Não estou a tentar defender Passos Coelhos dos tiros no pé que as suas decisões, algumas delas imberbes e pouco pensadas, provocaram na população portuguesa. Estou simplesmente a dizer que, muito embora tenha tomado algumas decisões erradas e precipitadas, nem tudo, todavia, se lhe pode assacar, como se ele fosse o responsável pelo estado calamitoso em que o país estava (e ainda está mergulhado), deixado pela herança socialista de governação socrática. Parece que o querem reabilitar. Mas nesse caso o povo português deve ser muito estúpido para readmitir um incorrigível energúmeno.
Manuel Feliciano

sexta-feira, 22 de março de 2013

O regresso de Sócrates

   Consta que Sócrates foi convidado para comentador da RTP. Os deuses devem estar loucos! Como é possível que um político como Sócrates, o mais mafioso de todos os primeiros-ministros de que há memória em Portugal, possa ser convidado para comentador político, ainda por cima numa televisão paga com o dinheiro dos contribuintes? Se esse sujeito vier a sê-lo, então eu quero deixar de pagar a taxa para o audio-visual que me obrigam a pagar na fatura da luz. Se esse sujeito vier a sê-lo, eu quero estar à porta da RTP para lhe chamar nomes. Se esse sujeito, abjecto e miserável vier a sê-lo, então eu quero entrar por aquela televisão adentro e partir a loiça toda. Se esse sujeito vier a sê-lo, então eu quero, eu quero, eu quero...
   Com que lata a RTP, a equipa responsável pela informação da RTP, vai convidar um ex-primeiro ministro para comentador político, sabendo que esse sujeito, abjecto e nefasto, foi o mais repugnante e famigerado coveiro de Portugal, pelas suas decisões erradas, pelo abuso do poder, pelas jogadas subreptícias que construiu com os seus amigos mais chegados e que constituíam o núcleo duro do anterior Governo do PS?
   Tendo fugido para Paris, onde tem vivido "à grande e à francesa", após a derrota nas últimas legislativas, esse sujeito abjecto e mafioso, não deixou de mexer os seus cordelinhos, manobrando como marionetes os seus mentecaptos sequazes que continuam a nutrir pelo "chefe" uma subserviência canina. É assim que muitos - ele continua a ter muitos adeptos que o bajularam religiosamente a troco de favores e tachos - rejubilaram com o seu hipotético regresso que eu duvido que algum dia se chegue a verificar, deveras.
Faço votos para que nunca regresse. Aliás, é imperioso e urgente que lhe digamos, sem sombra para dúvidas, que ele, esse sujeito abjecto e mentiroso, é, vai ser e será sempre uma "persona non grata" em Portugal, país que ele ajudou a enterrar, país que ele roubou, de que se apropriou e onde, pasme-se, agora pretende regressar. Digo pretende, mas não creio que algum dia isso volte a acontecer, pelo menos nos próximos meses ou anos. É que temos de ter a coragem, a ousadia de o enfrentar, não permitindo o seu regresso, ou então, sim, permitindo mas para comparecer no tribunal e ser julgado, com verdade e sem protecionismos de todos os Pintos Monteiros deste país que o levaram ao colo e o protegeram vergonhosamente. Seria bom que todos os portugueses, que têm ainda alguma dignidade e honestidade, se mobilizassem e unissem no sentido de não admitirem sequer a sua presença em solo pátrio e ainda muito menos a sua participação num programa de televisão pública paga com o suor dos portugueses com que ele brincou durante os anos em que foi primeiro-ministro e secretário de estado. Levantemo-nos em protesto e façamos ver a esse grande impostor que o seu lugar não é aqui, que o seu lugar não pode ser aqui, apesar dos gritinhos histéricos de boas vindas dos seus apaniguados, entre os quais muitos políticos, jornalistas e graxistas em geral.
   Também não é de estranhar que, precisamente na mesma semana em que se sabe que Sócrates poderá regressar (o primeiro argumento da RTP seria para levantar as audiências, já se si tão baixas na televisão pública), outro ilustre político, não menos mafioso e intragável, o tal que disse que "também tinha o direito de vir a ser rico",  incontornável eminência parda do partido socialista - o s de socialista é minúsculo precisamente porque minúscula é essa figura - Jorge Coelho, a pregar num comício de apresentação de um candidato a uma câmara, lá para o interior. E o que disse o incontornável Jorge? Exactamente isso em que estão a pensar: nada! Aquele estilo bronco e vazio que sempre o caracterizou permanece inalterável na sua imagem de marca. O mais curioso de tudo é que disse que estava a gostar de estar ali, o que não é de espantar numa assembleia de inábeis mentecaptos onde até o inevitável Carrilho profetizou: "bela rentrée, Jorge! Bela rentrée!"
Joaquim Moita