terça-feira, 2 de abril de 2013

Para o fundo

   O que há de comum entre um ex-presidente de uma das câmaras municipais mais ricas do país (ricas considerando o rendimento per capita dos seus munícipes) e um ex-secretário geral do Partido Comunista Português? Resposta: o desejo do derrube do actual Governo, liderado por Passos Coelho.
   Algo vai mal, neste reino da Dinamarca, quando António Capucho, destacado membro do PSD, conselheiro de Estado e figura emblemática dos notáveis cavaquistas, e Carlos Carvalhas, ex-candidato a Belém, apoiante do regime de Kim Ioung Un, da Coreia do Norte, bajulador de todos os ditadores que ceifaram milhões de vidas nos "Gulags", se põem de acordo em relação à queda de um Governo, legitimamente eleito pelo povo português em recentes eleições democráticas.
    Não estou a falar de cor. Vi e ouvi, hoje, por volta meia-noite, no programa da Sic Notícias.
    O que está por detrás de tal trama?
    E o que estará por detrás da trama que leva Marcelo Rebelo de Sousa, a dizer que "gostou da entrevista de Sócrates", na sua recente aparição na televisão pública?
    O que estará por detrás da trama que leva o mesmo Marcelo, o mais intrigista de todos os analistas políticos de que há memória, a desejar o afastamento de Vitor Gaspar e do ministro da economia, senão o objectivo de criar uma onda de consenso em torno de si próprio, com vista à corrida presidencial?
     E o que dizer do mais rasteiro e minorca comentador político, ex-membro do governo de Cavaco Silva, ex-candidato a líder do PSD, Marques Mendes, o Ganda Nóia, o "bufo", que, em tudo quanto é tempo de antena, desanca no Governo, reclama saídas, sugere nomes para remodelações, enfim, contamina subrepticiamente a ação dos governantes e o trabalho, difícil e penoso, que está a ser feito.
     O fim disto tudo parece-me evidente. Com tanta oposição, mesmo daqueles que em princípio deveriam dar o benefício da dúvida a este governo, com tanta contestação, mesmo daqueles que se situam teoricamente no mesmo arco político, o Governo acabará por se desmoronar ou se demitir, ou ser demitido, e então é que eu quero ver que soluções estes papagaios do comentário político vão propor para um país em queda livre, sem paraquedas, e com a agravante de necessitar de um segundo resgate financeiro.
     "Para o fundo e em força" parece ser a palavra de ordem que os novos arautos da estupidez política pretendem implementar. O Tribunal Constitucional virá em sua ajuda para animar a Festa e depois eu quero ver se não aparece por aí um certo sujeito a reclamar uma nação nova, uma pátria nova, com portugueses novos, arrojados e limpos que darão uma vassourada nesta corja de oportunistas, desgraçados e corruptos.
     Manuel Feliciano

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