sexta-feira, 12 de abril de 2013

Os homens do "Sistema"

   O clima de intriga política que se vive, hoje, em Portugal, - alimentado por uma comunicação social, ávida de sensacionalismo e de regresso ao passado recente, a que não é alheio o facto do Governo ter "mexido" ou pretender "vir a mexer" nalgumas "vacas sagradas" do regime, como por exemplo a RTP, a TAP, etc, - é deveras preocupante, não fosse o caso de existir no nosso país uma entidade que se chama Presidente da República. De facto, Cavaco Silva tem sido nestas últimas semanas a garantia sólida de que, afinal, o poder não está na rua, não está na influência persuasiva dos comentadores políticos, nem na pseudo-argumentação de outras "vacas sagradas do regime"  - como o doutor Mário Soares, o doutor António Arnault, o doutor António Capucho, o doutor Pacheco Pereira e de outros doutores do mesmo regime, engalanados de comendas de duvidoso merecimento e alimentados de privilégios de não menos duvidosa equidade (reformas volumosas, subvenções vitalícias, mordomias e alcavalas que fazem ressuscitar de revolta qualquer ente mortal) - mas o poder está, sim, no Parlamento, eleito pelo povo em eleições democráticas recentes.
   A forma insidiosa e malévola como, por exemplo, Pacheco Pereira, na "Quadratura do Círculo", faz conjeturas contra o actual Primeiro-Ministro e o Governo,  chega a roçar a mais desconcertante e jacobina intriga palaciana, de que há memória no passado recente. E vá lá saber-se porquê? Reminiscências de um passado estalinista? Desencantamento com a queda do muro de Berlim? Conversão (precipitada?) ao que estava a dar, no momento, ao cavaquismo folclorizado? Como é que um poço de sabedoria republicana e uma sumidade na história recente do Estado Novo passa de uma assanhada defesa da social democracia para um incendiário talibanismo anti-passiano? O ressabiamento tem razões que o comentador desconhece.
Manuel Feliciano

Sem comentários:

Enviar um comentário