domingo, 28 de abril de 2013

O discurso de Cavaco

v   O discurso de Cavaco Silva, na sessão comemorativa do 25 de Abril, provocou uma reação irrefletida e intempestiva, radical e populista de todos os partidos da oposição. A comunicação social deu o destaque correspondente, alimentando, nos corredores e nos painéis informativos, a ideia de que o mau da fita, agora, é o presidente da República. Qualquer pessoa minimamente inteligente sabe que o discurso de Cavaco foi um discurso de verdade. A verdade do país encontra-se ali, naquele punhado de apontamentos cuidadosamente elaborados para não ferir ninguém de bom senso. Só que, os partidos da oposição e nomeadamente o partido socialista não querem ouvir a verdade. Custa-lhes assumir que foram os principais obreiros (não os únicos) do desastre calamitoso em que se encontram as finanças deste país, embora o presidente não o tenha mencionado. Custa-lhes assumir que o que propunham - se é que propunham alguma coisa - não era minimamente credível sem que houvesse austeridade, contenção do frenesim despesista expansionista, como disse Gaspar, no brilhante discurso na Assembleia da República no dia da apresentação da moção de censura pelo partido socialista, discurso esse que curiosamente a comunicação social não deu relevo absolutamente nenhum. E aqui passo a acusar, porque é uma coisa que me preocupa seriamente: a cumplicidade com que a comunicação social vem atuando nestes últimos tempos, contribuindo para uma onda de intriga palaciana falaciosa, de exasperação exibicionista em tudo o que é sítio de comentário político, escolhendo a dedo os comentadores antigoverno, disfarçados de gurús, e os entrevistados já previamente selecionados para dizer mal do Governo ou do primeiro-ministro, esquecendo aquilo que o governo tem feito de positivo. A recente ocultação, subrepticiamente feita pela comunicação social, da execução orçamental do mês de Março mostra, sem qualquer dúvida, que o objetivo da comunicação social dominante é, não a informação sobre a verdade dos factos, mas sim a promoção de um clima de crispação, artificialmente provocado, com base em supostas intrigas políticas que se cruzam nas áreas do poder - de que os bufos do regime, tipo Marques Mendes, são o protótipo - para minar a credebilidade do primeiro-ministro e do ministro das finanças. Em última análise, o desiderato de boa parte da comunicação social é deitar o governo abaixo, sonhando os tempos áureos do socratismo onde esta gozava de previlégios especiais, melhores salários e mordomias, à custa dos contratos milionários entre o anterior governo e as administrações dos jornais, através da injeção de publicidade paga pelas empresas com quem o governo tinha relações preferenciais (não se esqueçam das PT's e dos Ruis Pedros Soares com quem Sócrates se entendia muito bem).
   As entrevistas semanais ou bi-semanais da Antena 1, são o exemplo perfeito do que tenho afirmado. Não há semana que passe que não se entreviste personagem política, dita relevante, ou destacada iluminária anti-fascista, normalmente engalanada de comenda - com alguma subvençãozinha vitalícia -   que não desate aos berros contra Passos Coelho e este governo que quer acabar com o estado social, o serviço nacional de saúde ou a escola pública. No fundo, o que desejam ardentemente é que tudo fique na mesma, isto é, que continuem a beneficiar dos privilegiozinhos conquistados com umas excepções constitucionais, a que o povo não tem direito nem sequer pode sonhar. Não há pachorra para isto!
Manuel Feliciano

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