sexta-feira, 27 de junho de 2014

A seita do costume

A SEITA DO COSTUME.
A guerra aberta no partido socialista entre "seguristas e costistas" está para durar e promete um espetáculo divertido e patusco, digno de uma comédia à italiana.
Os argumentos dirimidos, até agora, já não são se prendem com a questão de propostas e perspectivas de como será possível derrotar os partidos do governo, mas antes com questões de credibilidade e de fiabilidade no escrutínio que aí vem, denotando uma desconfiança mútua, não apenas nas condições de acessibilidade à votação do líder, mas também afetando mais profundamente o âmago da alma socialista. ou seja, colocando questões de ética e de idoneidade democrática.
As acusações frequentes e contínuas, quer através dos próprios, quer através dos seus porta-vozes, ou seguidores fiéis,  mostram aquilo a que chegou o partido socialista: um partido quebrado, dividido, destroçado e manietado numa luta intestina que vai acabar mal e por culpa, diga-se com toda a clareza, de um energúmeno que armando-se em messias profético, quis deixar um cargo de responsabilidade à frente da câmara mais emblemática do país, para se aventurar numa odisseia narcisista, eufórica, de rapapé e bajulação, tão ao gosto do seu mentor primordial, o doutor Mário Soares. Como é que ainda ninguém se apercebeu que a constante solicitação do doutor Mário Soares para opinar sobre tudo e mais alguma coisa, atendendo ao grau elevado de senilidade que patenteia, constitui um rude golpe, repleto de malefícios, quer para instituição partidária de que foi líder, quer para o país de que foi primeiro-ministro e presidente da república.
O folhetim continua dentro de momento.
Manuel Feliciano




quinta-feira, 26 de junho de 2014

Pelo sonho é que vamos...

PELO SONHO É QUE VAMOS...
Sebastião da Gama, poeta e professor, deixou-nos muitos poemas, belos e patéticos (no verdadeiro sentido desta palavra: comoventes, sublimes, de ir até às lágrimas - como o páthos grego supõe). Hoje, no dia em que Portugal jogará, provavelmente, o último jogo do Mundial com o Gana, não resisto à tentação de, aqui, vos deixar este poema magnífico:
"Pelo sonho é que vamos, 
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos
Com a mesma alegria,
Ao que desconhecemos
E ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos".
                 (Sebastião da Gama)

Mais palavras para quê?
Leonardo Santos

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A estratégia manhosa

A ESTRATÉGIA MANHOSA.
Toda a gente sabe, menos os ingénuos, que a guerra no partido socialista, a contagem de espingardas - como os comentadores gostam de explorar - não ficou definitivamente arrumada, bem pelo contrário. A minagem empreendida pelos homens de Costa, muito mais influente nos meios de comunicação social - veja-se a catrefa de comentadores oriundos do círculo de Sócrates, por exemplo na TV24, - destina-se precisamente a fazer cair o líder atual, mesmo que seja, como dizia Carlos César, através do "apodrecimento" interno da direção de Seguro, uma espécie de implosão suicida que catapultaria António Costa para o poder.
O tom delicodoce de Costa contrasta com um tom mais agressivo de Seguro. Este, em entrevista à RR, ontem, afirmou que se fosse primeiro ministro no tempo de Sócrates não assinaria o memorandum com a troika, nas condições de então, enquanto Costa, também numa entrevista ontem, já não sei a que rádio ou tv, opinara que o partido socialista deveria ter reconhecido os seus erros do passado (referia-se ao consulado de Sócrates?), num claro piscar de olhos ao eleitorado mais ao centro, como que dizendo: descansem que eu não sou assim tão à esquerda e que podem contar comigo mesmo os que são mais conservadores. 
Esta estratégia, a que eu chamei de delicodoce, tem um objetivo e uma finalidade: a destruição, em banho-maria, do seu adversário interno.
Santos Silva, ex-ministro de Sócrates, num ataque cerrado ao atual secretário-geral do seu partido, disse ontem,  na TV24, que "António José Seguro não sabe o que é ser primeiro-ministro nem está preparado para o ser", numa clara oposição a este, preferindo, evidentemente António Costa. Este ex-ministro, cujo gozo maior, aqui há uns tempos atrás, era "malhar na direita!", pelos visto descobriu um outro não menos importante que é "malhar" no seu próprio secretário-geral, apelidando-o de impreparado, logo, incompetente.
E a procissão ainda vai no adro. Daqui para diante aparecerão novos militantes "notáveis", a malhar no pobre do Seguro, sem dó nem piedade. Vereis se estou certo ou estou errado!
Manuel Feliciano










terça-feira, 24 de junho de 2014

Saneamento, já!

SANEAMENTO, JÁ!
Pelos vistos, a excursão de António Costa à província, de tão habituado que estava à sua urbe, correu-lhe mal. E correu-lhe mal, não apenas porque os resultados foram - falando em linguagem futebolística - negativos, uma abada, no Conselho Nacional, como, por outro lado, ainda acabou por ser enxovalhado por uma "velha desdentada" que se colou a uma câmara de televisão e que deu no que deu: manchete a abrir telejornais, etc e tal, como é habitual nesta comunicação social, indigente e sensacionalista, a que já estamos a ficar habituados. 
Depois, segue-se a estratégia costumeira: entrevistam-se os gurus do partido e começam as atoardas do costume, com o peso que lhes dá a gravidade do momento.
Ontem, foi exatamente assim, como não podia deixar de ser. Manuel Alegre, o poeta exilado, armado em porta-voz dos ofendidos da nação pelo salazarismo decrépito, tomou a palavra e, não se refugiando em qualquer nau de verde pinho, veio a público protestar solenemente contra aquilo que, na sua ótica, é impensável num partido democrático como o partido socialista. Mas - e a memória dos homens é curta, muito curta -, então já ninguém se recorda do Francisco de Assis, do verdadeiro achincalhamento de que foi vítima, esse sim!, em Felgueiras(?), onde não apenas lhe mandaram bocas, como agora ao Costa, mas o empurraram e lhe bateram cobardemente?
Bem, o partido socialista, nisto(!), não é tão virgem assim, nem tão cândido, como o caçador de lebres o faz supor, a ponto de logo ali, do alto da sua tribuna comunicacional - e esta gente tem montes de oportunidades para se exprimir, é só querer e abrir a boca - exigir um rigoroso inquérito ao sucedido, o que em linguagem do período revolucionário, no célebre verão quente de 74-75, se vociferava: "Saneamento, já!" 
Para além de Manuel Alegre, outras vozes se têm levantado, considerando o incidente da "velha desdentada" como "instrumentalização ao serviço da atual direção de Seguro.
Agora começo a ter pena do doutor Costa que, coitado, deve ter ficado muito ofendido com uns piropos da "arraia miúda" de que ele foge como o diabo da cruz, agora que se habituara ao quentinho das elites do partido, ávidas de poder e tachos.
Manuel Feliciano



















segunda-feira, 23 de junho de 2014

Rei fraco faz fraca a forte gente

REI FRACO FAZ FRACA A FORTE GENTE (Camões, Os Lusíadas)

Esta frase, criada por Camões n´Os Lusíadas, referia-se a D. Fernando, rei da 1ª dinastia. Segundo o poeta, D. Fernando foi um rei fraco, incompetente, que atirou o país para o abismo, isto é, a sua fraqueza enquanto rei e líder, arrastou o povo que era forte para a fraqueza, para a desgraça.
Há anos atrás, antes de ter ido para Moçambique, eu tinha escrito uma crónica que cheguei a enviar para o Record onde aplicava esta frase, precisamente a Carlos Queirós, enquanto treinador do Sporting, e mantenho o que disse.    
Hoje, volto de novo a usar esta frase lapidar para colá-la a Paulo Bento. Os erros estratégicos que cometeu, na preparação dos jogos com a Alemanha - querendo jogar taco a taco com os germânicos - e ontem com os Estados Unidos - mantendo o mesmo figurino - só provam que não tem arcaboiço para o  lugar. 
E quando um líder é fraquinho, como é o caso, então a equipa perde chama, perde lucidez, perde qualidade e perde jogos!
A sua insistência em não mudar o que é óbvio - por exemplo, a sua recusa em utilizar William Carvalho como trinco da equipa, aliado à sua persistência em jogar com um ponta de lança de fraco calibre, como Hugo Almeida ou Postiga ou Éder - tornou a equipa tão debilitada que, a partir de certa altura, não havendo resposta da equipa no seu todo, passou a depender do seu jogador com maior potencial, como se todos estivessem à espera do "seu milagre salvador". Só que Ronaldo, por motivos óbvios, também não poderia estar bem e daí a frustração que se apoderou da nação futebolística indígena, muito por culpa de uma comunicação social alienada e claramente infeliz.
As declarações de Cristiano Ronaldo, embora algo infelizes, testemunham o descrédito dos jogadores em relação ao seu líder, Paulo Bento, e à sua incapacidade de usar novos argumentos face às dificuldades encontradas. 
Muitos comentadores, alguns são verdadeiramente "da treta", atiraram-se ao Cristiano, acusando-o de "secundarizar, como o disse Manuel José, os colegas de grupo", outros de "saber jogar melhor com os pés, do que falar para a comunicação social", como afirmou Paulo Sérgio, sendo apoiado por Paulo Fonseca noutros argumentos, mas com a mesma crítica ao capitão da seleção.
O que me apetece dizer é que "estas luminárias do futebol português", ainda têm que comer muita relva para chegar aos calcanhares de Ronaldo, provando-se assim que qualquer treinadorzeco de segundo plano, mesmo que tenha passado pelo futebol piramidal terceiro-mundista, pode até ganhar uns cobres a fazer comentários nas televisões por cabo, mas não lhes fica bem desdenhar daquele que foi considerado o melhor jogador do mundo nesta época.
Manuel Feliciano












O tiro pela culatra

O TIRO PELA CULATRA
O dia de ontem, para além da desgraça de termos, praticamente, ficado eliminados com o resultado de 2-2 frente aos Estados Unidos, foi assinalado por um pormenor interessante, lá para os lados de Ermesinde. O aureolado de Lisboa, possuidor de uma inteligência superior, no dizer do magnânimo doutor Soares, rodeado da sua camarilha pseudo-socialista, quase toda ela oriunda do chico-espertista círculo de Sócrates, tenebroso e sinistro (veja-se o reaparecimento dos Lellos, Césares e Vitalinos, tendo o 2º falado de "apodrecimento da direção do partido"), deslocara-se da capital à Província - desta vez sem gravata e sem fato a condizer, porque não ia fazer nenhuma comunicação pública, nenhum comício para os seus apaniguados, nem para a comunicação social, ávida e excitada com estes sensacionalismos rasteiros - mas, como dizia, o doutor Costa, sempre muito bem acompanhado, julgava, pensava, cogitava nas circunvalações superiores do seu cérebro, que era só chegar ali, diga-se, ao Conselho Nacional do PS, e, como por mágica, tomava o poder, "assaltava o poder", na expressão de João Soares (que há dias, num gesto de muita coragem, chamou imbecil ao pai, não por estas palavras, mas o que ele queria dizer era exatamente isso, puxando de um eufemismo afirmara que o texto do pai era "um texto disparatado" - a propósito do punho erguido e que havia socialistas que tinham vergonha de dizer que eram socialistas e de se chamarem camaradas, numa alusão a Seguro e o seu núcleo duro). 
Pois, o resultado do Conselho Nacional, foi um golpe terrível para quem quer ser líder, sem passar pelo crivo do escrutínio livre e democrático. Armado em campeão, em fanfarrão popular, apoiado pela clique gastadora que levou o país à ruína, pela mesma clique que saliva poder e "novas oportunidades", António Costa entrou entusiasmadíssimo e quase eufórico, mas saiu com o rabo entre as pernas e vai ter que sujeitar-se ao veredicto. Mesmo com toda a comunicação social a movimentar-se no sentido de o apoiar (veja-se a vaga de despedimentos no DN, sinal de que o Joaquim da Controlinveste anda a preparar alguma coisa nos bastidores), o doutor Costa não tem uma tarefa fácil, porque os que lá estão, legitimamente, também não estão dispostos a deixar cair o poder na rua, entregando-o a um suposto candidato fora de tempo (no dizer de Eurico Dias) e ainda por cima traidor, digo eu.
Manuel Feliciano

domingo, 22 de junho de 2014

Temos de ser uma equipa de homens

"Temos de ser uma equipa de homens".
Paulo Bento saiu-se ontem com esta frase lapidar que revela o desnorte de um técnico pouco tarimbado para o cargo. De facto, dizer que temos de ser uma equipa de homens significa que Paulo Bento, lá no fundo, reconhece que os seus jogadores até aqui - e refiro-me apenas ao jogo com a Alemanha - foram uma equipa de meninas, uma equipa efeminada que deixou muito a desejar, e isto constitui uma crítica fortíssima ao seu grupo de trabalho de que é líder. Por outro lado, Paulo Bento, ao fazer tal afirmação está a atirar para os outros - diga-se, os jogadores - a responsabilidade que deveria assumir e que nunca assumiu, enquanto principal responsável pelo desastre, pela hecatombe, pelo rotundo fracasso da seleção nacional que deixou muita gente à beira de um ataque de pânico. Os mais experimentados, entre os quais me coloco, talvez não sofressem tanto assim, já que, logo após a divulgação da equipa que iria defrontar a turma germânica, tinha comentado com a minha mulher: "Com este onze inicial, vamos perder de certeza!". Não sabia efetivamente era por quantos.
Paulo Bento, na minha perspectiva, foi o principal responsável pela derrota portuguesa face à Alemanha, ao conceber uma equipa, um onze, onde estavam jogadores que nem se deveriam ter equipado. Estou-me a referir pelo menos a um ou dois jogadores. Mais do que mencioná-los, importa dizer o que, na minha leitura - e reforço sempre isto, com toda a honestidade - falhou. 
Paulo Bento falhou, em primeiro lugar, porque quis jogar taco a taco com a Alemanha, isto é, foi seu desejo, primordial, desafiar a Alemanha, aquilo que em linguagem filosófica se designa como hybris, ousar desafiar os deuses, ousar desafiar o destino (não que o não devamos fazer, mas noutras circunstâncias), ousar desafiar uma equipa poderosa, usando as mesmas armas. Ora isto estrategicamente foi um erro de todo o tamanho, um erro de palmatória! Não se pode jogar contra uma equipa forte fisicamente com as mesmas armas que o adversário. Explicando melhor: a presença de Hugo Almeida no eixo de ataque de Portugal, como ponta-de-lança, no meio de dois centrais altos, espadaúdos e lentos como Metzaker e Hummels, é chover no molhado, é não trazer nada de novo ao jogo, como foi provado em jogo. Para ali deveria ter sido indigitado Cristiano Ronaldo que pela sua velocidade e rapidez poderia ter surpreendido aqueles rapazes "altos e loiros". Portanto, esta escolha de Paulo Bento, ao optar por Hugo Almeida revelou-se completamente ineficaz e infeliz, ainda por cima o jogador teve uma época cheia de problemas físicos e não estava minimamente em forma para sequer poder ser selecionado.
Por outro lado, a opção por Miguel Veloso, como trinco, ainda que não fosse tão dispicienda, poderia ser entendida se, a seu lado jogasse Wiliam Carvalho, dos dois, o que fez uma época melhor e o que estava ou está em melhor forma. Basicamente, Portugal, para surpreender a Alemanha - porque o factor surpresa em futebol é que é determinante e não o jogar taco-a-taco ou, como se costuma dizer hoje, "olhos nos olhos" - deveria ter jogado com mais homens no meio campo, para poder ter o controlo do jogo e enervar os alemães, isto é, obrigá-los a "cheirar a bola", a correr atrás da bola.
Em vez disso, o que fez Paulo Bento? Optou por um sistema convencional, onde na luta corpo a corpo os alemães superaram os portugueses. É caso para dizer que se tivéssemos um treinador italiano, um treinador do contra-ataque, como por exemplo o já falecido Bearzot ou o ainda vivo Trapatonni, teríamos com toda a probabilidade a hipótese de empatar ou ganhar o jogo. 
O que faltou a Paulo bento foi preparar bem o jogo, ignorando o sistema tático alemão e querer fazer-lhe frente, pensando que, por termos "o melhor jogador do mundo" eram favas contadas! Nada mais falso.
Jogando com mais pedras no meio campo seria possível contrariar o poderio alemão nessa zona, toda ela bem povoada de grandes jogadores como Lham (agora adaptado à posição 6, depois da ida de Guardiola para o Bayern), Kedhira, Kroos, Ozil e Goetz, deixando lá à frente o inevitável Muller. Era o que deveríamos fazer se Paulo Bento não fosse tão fraquinho a analisar o jogo dos alemães.
Por mim, teríamos jogado sem ponta-de-lança, sem Hugo Almeida (o rapaz, coitado, não tem culpa nenhuma, culpado é quem lá o mete!) e com Cristiano e Nani como "interiores", usando a gíria antiga, ou se quisermos como alas a entrar para dentro. 
Outra hipótese, a melhor para mim sem dúvida, no caso de querermos jogar com ponta-de-lança, alinhávamos com Cristiano aí, fazendo aparecer Coentrão como médio esquerdo e colocando Miguel Veloso a lateral, fazendo os dois o corredor, ora vai um, ora outro para se refrescarem e não se desgastarem tanto. Wiliam ocuparia o lugar de trinco de Veloso, mantendo-se Moutinho e Meireles como médios de pressão a lançar e a apoiar Nani e Cristiano. Em suma, Paulo Bento perdeu uma grande oportunidade de se afirmar como técnico competente e, desgraçadamente, atirou-nos para o fundo, para uma situação de que é muito difícil sair. O pântano está aí. Conseguiremos sair de lá?
Joaquim Moita

sábado, 21 de junho de 2014

Atualidade do MAS

MAS - MOVIMENTO ANTI-SISTEMA
Quando , há perto de três anos atrás, criámos o Movimento Anti-Sistema, no auge do período socratista, estávamos longe de imaginar que o ditadorzinho encapotado, como lhe chamámos num artigo (ver: "Requiem por um ditadorzinho encapotado"), viesse a cair que nem um tordo, fulminado pelo voto livre e destemido deste povo fantástico e sofredor que é o povo português.
Arrumado Sócrates, numa qualquer loja maçónica de Paris, onde faz vida burguesa à custa do que conseguiu "sacar" ,subrepticiamente (vamos lá ver como vai ficar a investigação do Diap, sobre os cartões dourados que usou durante o seu consulado), e ainda do contrato milionário que aufere duma farmaceutica suíça (que por sinal tinha o exclusivo e o monopólio de uns produtos que fornecia a alguns hospitais portugueses), temos agora o consulado Passos-Portas que é o que é (em parte devido à "herança socialista", em parte devido "às imposições da troika", em parte devido à própria inércia de um executivo que tardou em acertar o passo e que, verdadeiramente, nunca mexeu em profundidade onde deveria ter mexido, como por exemplo nas parcerias público-privadas, nalgumas fundações, nalguns institutos públicos e, também, nos bancos que, como se sabe estão sempre do lado de onde sopra o vento) e que a ano e pouco de eleições legislativas, quando se preparava para aligeirar a carga fiscal dos contribuintes, baixando o irs, como parecia plausível, se viu confrontado com as decisões do celebérrimo Tribunal Constitucional - corpo constituído por doutos especialistas na Constituição da República Portuguesa de 1976. Estes senhores e senhoras deste orgão, fazem-nos lembrar, recuando dois milénios à história bíblica, as sumidades que eram os Doutores da Lei e os Escribas, verdadeiros especialistas da Torá, da Lei de Moisés, mas que temiam a argumentação de um jovem rabi (Ieshuá) vindo lá dos confins da Galileia, gerando um movimento pacífico mas crítico em relação ao poder instituído. Sobre isto falaremos noutra altura.
O que nos apraz sublinhar, aqui e agora, é chegada, o surgimento de um novo candidato a chefe que, passando por cima de tudo o que ética e ética socialista, republicana, pretende destronar o líder atual, apunhalando-o traiçoeira e brutamente, como o fizera Brutus, a ponto de César - o Júlio, não o dos Açores - exclamar: "Tu quoque filli mi Costa?!" Pauper Antonius Iosephus Securitus!
Manuel Feliciano

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A terceira via

A TERCEIRA VIA.
António Costa - cada vez mais fato e gravata, menos t-shirt e calça de ganga - , a pose de homem de estado assenta-lhe que nem uma luva (segredam-lhe ao ouvido os peritos em imagem), continua a surpreender-nos com a sua genialidade política. Agora é o famoso discurso da terceira via. Vejam só esta ideia peregrina: "há uma alternativa de que o governo não quer ouvir falar que é (pasme-se!): aumentar a riqueza (e depois vem a explicação - lapaliciana, digo eu), porque se aumentarmos a riqueza, resolveremos o problema das finanças públicas".
Ora, portugueses, aqui está uma ideia genial que vai salvar Portugal e de que o partido socialista se orgulha. E o mais curioso de tudo é que ninguém alguma vez tinha pensado nisto! Portanto, aqui vou eu, com esta ideia brilhante propor-me a secretário geral do PS, com o Ferro Rodrigues já a apoiar-me também mais o Perestrelo, amigalhaço do Sócrates e todas aquelas mentes brilhantes que meteram o país a produzir riqueza.
O doutor António Costa é de facto um génio, uma mente brilhante, ou como diria o sapientíssimo doutor Soares "uma inteligência superior" (enquanto o doutor Seguro, no dizer do grande gurú é inseguro, logo, um asno). Só que há aqui um pequeno problema: como é que o doutor António Costa vai aumentar a riqueza, vai produzir mais riqueza? A questão está no modus faciendi. Como é que um socialista consegue criar mais riqueza? A receita parece mais que evidente: nacionalizando-a.
Aqui está a descoberta da pólvora. Sua excelência, o doutor Costa, agora e daqui para a frente de fato e gravata, sempre, vai aumentar a dita cuja, não criando postos de trabalho, apostando na inovação, arriscando em projetos inovadores, mas precisamente, como num passe de mágica, chamando-a a si, isto é, fazendo como o seu iluminado camarada de partido, Jorge Coelho que, farto de ser um proletário, ousou dizer: "E eu, também não tenho o direito, o legítimo direito de ser rico?"
Manuel Feliciano

sábado, 14 de junho de 2014

Despachem-se! Aviem-se!

Despachem-se!
António Costa, no seu afã, incongruente, de conquistar os militantes do partido (como se eles não tivessem um líder, escolhido há pouco tempo), em viagem pelo país (como se a câmara de Lisboa não fosse nada importante e não lhe desse trabalho nenhum - deve estar a pensar que qualquer Medina pode fazer o que ele faz - e se assim fosse não deveria ter concorrido às últimas eleições), tem-se saído, nas suas últimas intervenções como uma espécie de general romano, do género: veni, vidi, vinci (cheguei, vi e venci), convencido de que são favas contadas as decisões que vêm aí.
Pois eu acho que não. Acho que António Costa, não só não vai vencer coisa nenhuma, como ainda vai ter que meter o rabo entre as pernas e desenrascar-se o melhor que puder na "sua" Lisboa.
Aquele discurso inflamado, retórico, quase patético (no sentido correto desta palavra, isto é, comovente, do pathos grego), perante uma plateia onde não se vislumbra um jovem, antes a velha clique habituada às mordomias e privilégios do regime, mas ainda assim sedenta de poder e de glória (leia-se de tachos), aquele discurso inflamado, dizia, mas cheio de ideias vagas, de lugares comuns que não interessam nem ao menino Jesus, consubstanciam uma visão estática da sociedade, uma visão paternalista do Estado sobre os cidadãos, enfim, uma visão providencialista e estatizante de tudo o que é público. António Costa afirma-se, sem sombra de duvida, como a figura do funcionário público que quer receber um bom vencimento, com outros privilégios acumulados ao longo de décadas, sem mexer uma palha, esperando pacientemente que chegue o dia 15 ou 17 de cada mês, onde na conta bancária vai cair inevitavelmente uma soma larga e robusta.
É para isto que os portugueses de hoje devem estar atentos.
Manuel Feliciano

quinta-feira, 12 de junho de 2014

O peso dos Mercados
Contra todas as previsões que os nossos comentadores do regime vaticinavam há uns meses atrás - e eu gostava de recordar entre outros o Luís Delgado, a Ana Sá Lopes, o André Macedo e outros vira-casacas do jornalismo seguidista -, Portugal, o estado português, voltou ontem aos mercados, conseguindo um êxito assinalável que  foi o de pedir emprestado, a 10 anos, o montante de 900 milhões, a um juro e 3,25%. Para quem dizia que nunca conseguiríamos "ir ao mercado" e se abespinhava contra os que, timidamente, davam o benefício da dúvida ao governo, nesta matéria - e eu gostaria de recordar, por exemplo a opinião equilibrada e sempre ponderada de Raúl Vaz, da Antena 1 - , o que aconteceu, ontem, devia fazê-los corar de vergonha e, se outra razão não houvesse, deveriam ter a coragem de deixar de ser comentadores, dado que não acertam uma e, pasme-se, tudo o que dizem não interessa, nem ao menino Jesus! 
O que me preocupa não é o facto de eles continuarem a ser comentadores de meia tigela, mas o facto de sermos obrigados a "gramá-los" e o que isso representa de despesa inútil do estado português, com tão inúteis criaturas!
Quando é que há coragem de correr definitivamente com tanta incompetência?
Manuel Feliciano

terça-feira, 10 de junho de 2014

Dia de Portugal
A comemoração do 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, veio provar o que ando a dizer há muito tempo: há um grupo de cidadãos portugueses que não merecem efectivamente fazer parte desta nação multissecular, deste povo fantástico que é povo português, desta geração de homens e mulheres sábios, educados, humildes, corajosos e destemidos que, ao longo da sua história ousaram sonhar e criar, arriscar e vencer, mesmo sabendo que por vezes os resultados e experiências eram adversos.
O que aconteceu hoje na Guarda, com aquela manifestação orquestrada pela CGTP e pelo sindicalismo parasitário e sugador de recursos, bem instalado na vida à custa do esforço e do trabalho denodado e perseverante dos trabalhadores com ideias claras e visão de futuro.
O que aconteceu hoje na Guarda é vergonhoso demais para ser verdade, é indecoroso e revoltante, face ao estado de saúde do Presidente da República e tudo o que posteriormente veio a acontecer. Aqueles "patriotas", camuflados de sindicalistas, riram-se de Portugal, gozaram com os portugueses que ali estavam para ouvirem a mensagem do PR e revelaram uma falta de educação atroz. O professor Mário Nogueira e toda a sua clique faziam melhor se, em vez de irem para ali chatear os que lá estavam, cantassem a internacional e dessem  vivas ao socialismo marxista-leninista, responsável por tantas ditaduras e pela eliminação de tantas vozes discordantes nos Gulag`s soviéticos.
Manuel Feliciano

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Inteligência superior

   O doutor Mário Soares não pára de nos surpreender. Agora deu-lhe para catalogar os socialistas em dois grupos: os inteligentes e os poucos inteligentes, os inteligentes superiores e os inteligentes inferiores, os supra-sumos e os burros. Segundo o doutor Mário Soares, António José Seguro é inseguro, logo frouxo, isto é, burro, e o doutor António Costa é o novo messias que aí vem para salvar o partido socialista e o país, aureolado e dotado de grande inteligência, melhor dizendo, de inteligência superior. Isto fez-me lembrar aquela cena do filme de Begnigni, "A vida é bela", em que o protagonista, disfarçado de inspector da escola fascista mussoliniana, faz o discurso, ridículo e grotesco, da "raça superior", ariana, baixando as calças e mostrando o traseiro à criançada que ri a bandeiras despregadas. Assim, ficámos a saber, por determinação do doutor Mário Soares que, a partir de agora, qualquer candidato a secretário geral do partido socialista tem de submeter-se à sua "inteligência superior", republicana e agnóstica.
Manuel Feliciano

segunda-feira, 2 de junho de 2014

O novo Messias
Chama-se António Costa e é o novo Messias, não apenas do partido socialista, mas - dizem outros - de Portugal e dos portugueses. Se fosse por vontade do doutor Mário Soares, figura cada vez mais caricata e simplista, amanhã, era já empossado e entronizado, sem haver eleições.
Mas recordemos, por momentos, como tudo começou.
No célebre programa "Quadratura do Círculo", na noite das eleições, que curiosamente começou a partir da meia-noite, vá-se lá saber porquê?, Pacheco Pereira, no seu tão acirrado discurso, jacobino-dialético, vomitando ódio e fezes, contra Passos Coelho, como é seu apanágio, tem a ideia peregrina de, face aos resultados menos conseguidos de Seguro e seus apaniguados, lançar o repto ao seu interlocutor António Costa, desafiando-o, eu dira, instigando-o a tomar a posição do "agora ou nunca", ou avanças, agora, e derrubas, ao mesmo tempo o Seguro e o Passos, ou estás feito ao bife e nunca passarás de uma promessa adiada, porque, se calhar o Guterres vem aí para as presidenciais e tu não te safas com ele. Logo, se avanças, existes; se não avanças, estás condenado ao fracasso, como o Alegre, como tantos que se candidatam sempre, mas nunca ganham. Agora é a tua oportunidade, António! Vai por mim que votarei em ti e assim derrubaremos definitivamente esses aprendizes de política de trazer por casa.
António Costa, entre hesitações e suores cada vez mais visíveis - a língua entaramelava-se de vez em quando - acabou por dizer sim, no dia seguinte, como se lhe tivessem posto a questão drasticamente: estás disposto a casar definitivamente com com o partido - leia-se a sacrossanta República - a ser-lhe fiel em todas as ocasiões e a obedecer aos nossos sagrados gurús republicanos: Mário Soares, Alegre dos copos, patuscadas e tiros às lebres, Almeida Santos dos escritozinhos infantilizados e patuscos, a Arnaut, do serviço nacional de saúde, ao Ramalho, da gestão público-ruinosa das grandes empresa do sector do Estado?
Entre a espada e a parede, Costa assumiu-se, saiu detrás do biombo e passou, nesse mesmo dia, a candidato a messias, não um messias qualquer, mas um messias traidor. 
Coitado do Tozé Seguro! Que cruz a sua, agora que tinha precisamente vencido duas eleições seguidas e se preparava para vencer a terceira, ainda que por pouca margem! Isso não se faz ao homem! Que disparate! - insurge-se Soares, não o pai, mas o filho. Que texto - o do punho erguido e cerrado - mais aberrante, adolescente e disparatado! - conclui o mesmo João, filho.
"Roma não paga a traidores" é a frase que se começa a ouvir em surdina, saída do escombros desta guerra que ainda está no seu início. 
"Agora começo a perceber por que razão Costa avançou para candidato a messias - diz alguém. Aquele ar meio oriental, meio indiano, meio goês, dá-lhe um toque excelente de candidato terceiro-mundista, revolucionário, logo, messias, salvador da pátria, da pátria socialista.
Só que Lisboa não é o país e para além disso há os mercados, inflexíveis e impiedosos, que ditam leis e obrigam a coisas inimagináveis. Viram como surgiu o terceiro resgate, como tivemos de o "gramar?"
Metam-se em aventuras e depois não se venham queixar!
O folhetim segue dentro de momentos.
Manuel Feliciano