segunda-feira, 23 de junho de 2014

Rei fraco faz fraca a forte gente

REI FRACO FAZ FRACA A FORTE GENTE (Camões, Os Lusíadas)

Esta frase, criada por Camões n´Os Lusíadas, referia-se a D. Fernando, rei da 1ª dinastia. Segundo o poeta, D. Fernando foi um rei fraco, incompetente, que atirou o país para o abismo, isto é, a sua fraqueza enquanto rei e líder, arrastou o povo que era forte para a fraqueza, para a desgraça.
Há anos atrás, antes de ter ido para Moçambique, eu tinha escrito uma crónica que cheguei a enviar para o Record onde aplicava esta frase, precisamente a Carlos Queirós, enquanto treinador do Sporting, e mantenho o que disse.    
Hoje, volto de novo a usar esta frase lapidar para colá-la a Paulo Bento. Os erros estratégicos que cometeu, na preparação dos jogos com a Alemanha - querendo jogar taco a taco com os germânicos - e ontem com os Estados Unidos - mantendo o mesmo figurino - só provam que não tem arcaboiço para o  lugar. 
E quando um líder é fraquinho, como é o caso, então a equipa perde chama, perde lucidez, perde qualidade e perde jogos!
A sua insistência em não mudar o que é óbvio - por exemplo, a sua recusa em utilizar William Carvalho como trinco da equipa, aliado à sua persistência em jogar com um ponta de lança de fraco calibre, como Hugo Almeida ou Postiga ou Éder - tornou a equipa tão debilitada que, a partir de certa altura, não havendo resposta da equipa no seu todo, passou a depender do seu jogador com maior potencial, como se todos estivessem à espera do "seu milagre salvador". Só que Ronaldo, por motivos óbvios, também não poderia estar bem e daí a frustração que se apoderou da nação futebolística indígena, muito por culpa de uma comunicação social alienada e claramente infeliz.
As declarações de Cristiano Ronaldo, embora algo infelizes, testemunham o descrédito dos jogadores em relação ao seu líder, Paulo Bento, e à sua incapacidade de usar novos argumentos face às dificuldades encontradas. 
Muitos comentadores, alguns são verdadeiramente "da treta", atiraram-se ao Cristiano, acusando-o de "secundarizar, como o disse Manuel José, os colegas de grupo", outros de "saber jogar melhor com os pés, do que falar para a comunicação social", como afirmou Paulo Sérgio, sendo apoiado por Paulo Fonseca noutros argumentos, mas com a mesma crítica ao capitão da seleção.
O que me apetece dizer é que "estas luminárias do futebol português", ainda têm que comer muita relva para chegar aos calcanhares de Ronaldo, provando-se assim que qualquer treinadorzeco de segundo plano, mesmo que tenha passado pelo futebol piramidal terceiro-mundista, pode até ganhar uns cobres a fazer comentários nas televisões por cabo, mas não lhes fica bem desdenhar daquele que foi considerado o melhor jogador do mundo nesta época.
Manuel Feliciano












Sem comentários:

Enviar um comentário