terça-feira, 24 de junho de 2014

Saneamento, já!

SANEAMENTO, JÁ!
Pelos vistos, a excursão de António Costa à província, de tão habituado que estava à sua urbe, correu-lhe mal. E correu-lhe mal, não apenas porque os resultados foram - falando em linguagem futebolística - negativos, uma abada, no Conselho Nacional, como, por outro lado, ainda acabou por ser enxovalhado por uma "velha desdentada" que se colou a uma câmara de televisão e que deu no que deu: manchete a abrir telejornais, etc e tal, como é habitual nesta comunicação social, indigente e sensacionalista, a que já estamos a ficar habituados. 
Depois, segue-se a estratégia costumeira: entrevistam-se os gurus do partido e começam as atoardas do costume, com o peso que lhes dá a gravidade do momento.
Ontem, foi exatamente assim, como não podia deixar de ser. Manuel Alegre, o poeta exilado, armado em porta-voz dos ofendidos da nação pelo salazarismo decrépito, tomou a palavra e, não se refugiando em qualquer nau de verde pinho, veio a público protestar solenemente contra aquilo que, na sua ótica, é impensável num partido democrático como o partido socialista. Mas - e a memória dos homens é curta, muito curta -, então já ninguém se recorda do Francisco de Assis, do verdadeiro achincalhamento de que foi vítima, esse sim!, em Felgueiras(?), onde não apenas lhe mandaram bocas, como agora ao Costa, mas o empurraram e lhe bateram cobardemente?
Bem, o partido socialista, nisto(!), não é tão virgem assim, nem tão cândido, como o caçador de lebres o faz supor, a ponto de logo ali, do alto da sua tribuna comunicacional - e esta gente tem montes de oportunidades para se exprimir, é só querer e abrir a boca - exigir um rigoroso inquérito ao sucedido, o que em linguagem do período revolucionário, no célebre verão quente de 74-75, se vociferava: "Saneamento, já!" 
Para além de Manuel Alegre, outras vozes se têm levantado, considerando o incidente da "velha desdentada" como "instrumentalização ao serviço da atual direção de Seguro.
Agora começo a ter pena do doutor Costa que, coitado, deve ter ficado muito ofendido com uns piropos da "arraia miúda" de que ele foge como o diabo da cruz, agora que se habituara ao quentinho das elites do partido, ávidas de poder e tachos.
Manuel Feliciano



















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