segunda-feira, 2 de junho de 2014

O novo Messias
Chama-se António Costa e é o novo Messias, não apenas do partido socialista, mas - dizem outros - de Portugal e dos portugueses. Se fosse por vontade do doutor Mário Soares, figura cada vez mais caricata e simplista, amanhã, era já empossado e entronizado, sem haver eleições.
Mas recordemos, por momentos, como tudo começou.
No célebre programa "Quadratura do Círculo", na noite das eleições, que curiosamente começou a partir da meia-noite, vá-se lá saber porquê?, Pacheco Pereira, no seu tão acirrado discurso, jacobino-dialético, vomitando ódio e fezes, contra Passos Coelho, como é seu apanágio, tem a ideia peregrina de, face aos resultados menos conseguidos de Seguro e seus apaniguados, lançar o repto ao seu interlocutor António Costa, desafiando-o, eu dira, instigando-o a tomar a posição do "agora ou nunca", ou avanças, agora, e derrubas, ao mesmo tempo o Seguro e o Passos, ou estás feito ao bife e nunca passarás de uma promessa adiada, porque, se calhar o Guterres vem aí para as presidenciais e tu não te safas com ele. Logo, se avanças, existes; se não avanças, estás condenado ao fracasso, como o Alegre, como tantos que se candidatam sempre, mas nunca ganham. Agora é a tua oportunidade, António! Vai por mim que votarei em ti e assim derrubaremos definitivamente esses aprendizes de política de trazer por casa.
António Costa, entre hesitações e suores cada vez mais visíveis - a língua entaramelava-se de vez em quando - acabou por dizer sim, no dia seguinte, como se lhe tivessem posto a questão drasticamente: estás disposto a casar definitivamente com com o partido - leia-se a sacrossanta República - a ser-lhe fiel em todas as ocasiões e a obedecer aos nossos sagrados gurús republicanos: Mário Soares, Alegre dos copos, patuscadas e tiros às lebres, Almeida Santos dos escritozinhos infantilizados e patuscos, a Arnaut, do serviço nacional de saúde, ao Ramalho, da gestão público-ruinosa das grandes empresa do sector do Estado?
Entre a espada e a parede, Costa assumiu-se, saiu detrás do biombo e passou, nesse mesmo dia, a candidato a messias, não um messias qualquer, mas um messias traidor. 
Coitado do Tozé Seguro! Que cruz a sua, agora que tinha precisamente vencido duas eleições seguidas e se preparava para vencer a terceira, ainda que por pouca margem! Isso não se faz ao homem! Que disparate! - insurge-se Soares, não o pai, mas o filho. Que texto - o do punho erguido e cerrado - mais aberrante, adolescente e disparatado! - conclui o mesmo João, filho.
"Roma não paga a traidores" é a frase que se começa a ouvir em surdina, saída do escombros desta guerra que ainda está no seu início. 
"Agora começo a perceber por que razão Costa avançou para candidato a messias - diz alguém. Aquele ar meio oriental, meio indiano, meio goês, dá-lhe um toque excelente de candidato terceiro-mundista, revolucionário, logo, messias, salvador da pátria, da pátria socialista.
Só que Lisboa não é o país e para além disso há os mercados, inflexíveis e impiedosos, que ditam leis e obrigam a coisas inimagináveis. Viram como surgiu o terceiro resgate, como tivemos de o "gramar?"
Metam-se em aventuras e depois não se venham queixar!
O folhetim segue dentro de momentos.
Manuel Feliciano

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