quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Uma nova visão das coisas

UMA NOVA VISÃO DAS COISAS
A crise do BES veio revelar uma situação pouco abonatória para os bancos. Estivemos durante tanto tempo dominados e sujeitos a indivíduos da pior espécie humana. As "experiências" do BPN e do BPP já anteviam de certa forma este desastre. Ninguém imaginava que fosse tão grande, tão profunda, tão miserável a actuação destas figuras sinistras e escabrosas que constituiam os administradores do grupo GES. O homem da Galileia tinha razão quando disse peremptoriamente: "Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro!".
Ricardo Salgado tinha toda uma história de idoneidade, de respeitabilidade, de honestidade acima de qualquer suspeita. E o que o levou a enveredear por uma rota completamente ao invés daquela que tinha herdado da sua família? A ambição e as ligações ao Poder? Certamente que sim! Mas outros factores devem ter pesado também. 
Depois do 25 de Abril, os banqueiros passaram um mau bocado e alguns deles tiveram de "emigrar", esperando novas oportunidades de negócio e novos ventos de mudança. A partir dos anos oitenta regressaram  e foram-se instalando paulatinamente na sociedade portuguesa, à custa de muito trabalho e empreendedorismo. Todavia, quando começaram a aparecer os governos do bloco central e o poder ficou limitado à área do "Centrão", começaram as ambiguidades e cada vez foi maior a influência da classe política nos bancos e nas administrações dos bancos. Começaram a aparecer os "chico-espertos da política" que foram indigitados, pelos seus amigos, do PS, PSD e CDS, para os Conselhos de Administração dos Bancos, minando-os e introduzindo ali sementes de podridão que começaram a produzir os seus frutos. Conhecem a parábola do trigo e do joio? O homem da Galileia conta-a de uma forma admirável. Quem tem olhos para ver que veja!
Lembram-se das famosas nomeações de Carlos Ferreira, Armando Vara, Celeste Cardona e de tantos outros e outras que a pouco e pouco começaram a ser uma banalidade no dia a dia do meio empresarial e de negócios, acrescendo a tudo isto a cada vez maior promiscuidade entre os bancos e o dinheiro sujo vindo de paraísos, como  por exemplo Angola. Não é por acaso que Daniel Proença de Carvalho é o homem-forte de José Eduardo dos Santos, como o comprova a sua nomeação para "chairman" da Controlinveste, cujo maior acionista é António Mosquito, um dos maiores do regime de Angola. Tudo está ligado e estas ligações são claras como a água da ribeira que ainda não foi conspurcada pelo banho de tantos oportunistas da nossa praça que sob a capa da democracia nos vão miseravelmente enganando e roubando. Haverá algum dia justiça para eles?
Manuel Feliciano


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Banco bom v. Banco mau

BANCO BOM VERSUS BANCO MAU
O espetáculo continua. Agora temos o banco bom e o banco mau, o amado e o odiado, o puro e o impuro, o bonzão e o perverso, como se, a partir de agora tudo estivesse resolvido, como se a partir de agora começasse uma nova vida, como se nós, povo português, a partir de agora confiássemos no sistema bancário, nos seus gestores, nos seus administradores. As últimas "experiências" comprovam que, salvo raras excepções, os chamados banqueiros ou administradores bancários são pessoas venais, obtusas, sinistras e que passeiam toda a sua intocabilidade pelos corredores do poder, sem que nada lhes aconteça, porque em Portugal a Justiça que temos, desde a mais pequena à mais sonante, é uma Justiça de treta, de conveniência, de rapapé e de beija-mão perfeitamente intolerável e inadmissível no mundo comtemprâneio. Só de me lembrar de Noronha de Nascimento ou de Pinto Monteiro é suficiente para fazer saltar de cá de dentro um vómito de desprezo pela obstrução que fizeram, deliberadamente, à Justiça portuguesa, 
não permitindo que ela avançasse como deveria. Pelo contrário, meteram-na na gaveta, e o que é pior, ordenaram o seu arquivamento e até a destruição de provas (estamos a referir-nos concretamente ao caso das escutas que os dois magistrados referidos anteriormente tentaram abafar, não permitindo a sua audição como prova em tribunal.
Estou com curiosidade em saber o que vai acontecer a Ricardo Salgado, ao seu braço-direito no Bes, a todos aqueles que prevaricaram, que cometeram crimes contra o Estado, as pessoas, as instituições, enfim contra pessoas inocentes que confiaram nos banqueiros, nos políticos, em figuras, aparentemente, acima de qualquer suspeita.
Quero ver o que é que vai acontecer a figuras políticas como Sócrates, grande amigo de Ricardo Salgado, a Marcelo Rebelo de Sousa, outro grande amigo pessoal do pseudo banqueiro, e aqui pseudo não é uma mistificação, é mesmo falso, falsário, chico-esperto, ladrão ou outro adjectivo semelhante.
Quero ver o que é que vai acontecer a Dias Loureiro, a Duarte Lima e a toda essa corja de abutres indomáveis que se abotoaram, subrepticiamente, com dinheiro que não era deles, que lhes não pertencia.
Quero ver o que é que vai acontecer a figuras (todas elas sinistras) como Proença de Carvalho, Júdice, Vitorino e Gonçalves pereira, sócios-donos dos três-quatro grandes escritórios de advogados deste país que defendem - certamente pagos a peso de ouro - os maiores criminosos de colarinho branco de que em Portugal há memória. Estes senhores, também não deveriam ser postos no seu lugar?
Manuel Feliciano










sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Carlos Moedas

CARLOS MOEDAS
A escolha de Passos Coelho recaiu em Carlos Moedas, ao contrário do que muita gente pensava. A "candidata" do PS, há muito que andava a fazer-se ao piso, chegando mesmo a afirmar que Junker já a tinha elogiado e até premiado, com um "óscar" de bom comportamento em Bruxelas. 
Pensava-se também em Maria Luís Albuquerque, mas desta vez ficou por cá, por causa da gravidade do BES.
Até eu ando apreensivo com as consequências que daqui podem resultar, em virtude do empréstimo que contraí para a aquisição do meu apartamento, mas admito que, muito embora, a situação esteja "preta", haverá certamente uma saída equilibrada e sensata que porá o banco nos carris. Quem não pode ficar impune, no meio de tudo isto, são os responsáveis que agiram criminosamente em todo o processo, sendo necessário o apuramento da verdade e a consequente punição judicial, onde todos os implicados sejam castigados.
Espero que a Justiça portuguesa esteja à altura de semelhante caso porque, caso o não faça, então teremos forçosamente que mudar de Justiça e de juízes, de magistrados judiciais e de toda esta máquina que finge que funciona, mas que afinal não funciona nada.
Há que reflectir seriamente sobre o problema, com toda a honestidade, com toda a imparcialidade e agir, no fundo, agir com a certeza de que ninguém está acima da lei, sejam banqueiros, juízes, políticos, empresários, todos os cidadãos implicados em desonestidades, em atropelos à lei, em crimes contra a sociedade e contra a cidadania.
O problema de fundo da sociedade portuguesa, hoje, é fundamentalmente, uma questão de valores, de valores e princípios fundamentais que devem orientar e enformar (dar forma; poderíamos dizer em linguagem informática, formatar) as pessoas que constituem os cidadãos portugueses. 
Se esses valores fundamentais forem: a honestidade, a integridade, o sentido de justiça, a solidariedade, o ser para os outros, numa perspectiva mais humanista, mais evangélica, então, estaremos no bom caminho para construir uma sociedade aberta, nova, tolerante, que valoriza o trabalho e a participação de cada um no bem comum, numa sociedade moderna e altruísta, desenvolvida e capaz de enfrentar os desafios da sustentabilidade e do futuro.
Se, por outro lado, como praticamente tem acontecido até aqui, salvo raras excepções, os valores que estão no top são os do ter sucesso a qualquer custo, do desenvolvimento económico baseado na exploração das pessoas, o lucro fácil e desenfreado, o exibicionismo foleiro, ignóbil ou sofisticadamente requintado, como o que tem sido patenteado nestes últimos tempos, então, temos de mudar de caminho, mudar de rumo e lutar pela construção de alternativas que passem pela instauração de um novo modo de vida, assente numa vida mais simples, provavelmente mais austera, provavelmente com menos recursos tecnológicos (alguns deles são uma verdadeira tirania e uma ditadura implacável que aos poucos nos vão robotizando, domesticando e sujeitando aos seus desígnios perversos), mas certamente mais fraterna e feliz.
;Manuel Feliciano