terça-feira, 26 de março de 2013

Ganda Noia

   Marques Mendes, que ficou célebre num programa humorístico como o "Ganda Noia", tem-se revelado ultimamente como um caso perdido de alguém com uma dupla personalidade. Comentador político da TVI, arvorado em grande gurú em assuntos de estado, manifesta agora uma faceta curiosa e não menos ambígua que é a de um tipo "bufo" que vem comunicar, em primeira mão, à comunicação social  aquilo que ouviu em conversas de trabalho ou em círculo de amigos de pessoas próximas do governo ou do próprio núcleo-duro de Passos Coelho. Esta nova versão de político rasteiro e minorca traduz aquilo que eu sempre achei que ele fosse: um indivíduo de baixa estatura política e ética. Como é que um ex-ministro de um governo fraco e nú de ideias, liderado por um chefe que tomou decisões desastrosas - veja-se o caso das nomeações de Dias Loureiro, Duarte Lima, Oliveira e Costa e de tanta trampa cavaquista - tem o desplante, a lata de vir "arrotar postas de pescada", segundo a mais recente declaração do selecionador nacional,  sobre assuntos em que revelou tanta incompetência enquanto ministro dos assuntos parlamentares. Ficava-lhe bem um pouco de vergonha na cara e alguma decência para não cair no ridículo. Mas não. Esta nova classe de comentadores políticos, muitos deles ex-líderes políticos e ex-membros de governos de infeliz memória, não tem emenda nenhuma. Fazem lembrar a figura daquela noiva debochada que se arvora, posteriormente, em militante virgem mãe.
   Mas não pensem que é só Marques Mendes. Também Marcelo Rebelo de Sousa, o grande professor Martelo, caustica, no seu ar grave e dogmático, por vezes gasto e cheio de tiques, reveladores de alguma senilidade, o pobre do Pedro Passos Coelho, acusando-o de tudo e mais alguma coisa, sempre que alguma medida lhes mexe no bolso ou nos bolsos dos seus amigos previlegiados dos regime.
   Não estou a tentar defender Passos Coelhos dos tiros no pé que as suas decisões, algumas delas imberbes e pouco pensadas, provocaram na população portuguesa. Estou simplesmente a dizer que, muito embora tenha tomado algumas decisões erradas e precipitadas, nem tudo, todavia, se lhe pode assacar, como se ele fosse o responsável pelo estado calamitoso em que o país estava (e ainda está mergulhado), deixado pela herança socialista de governação socrática. Parece que o querem reabilitar. Mas nesse caso o povo português deve ser muito estúpido para readmitir um incorrigível energúmeno.
Manuel Feliciano

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