sábado, 26 de julho de 2014

Conspiratio

CONSPIRAÇÃO
Há muito, muito tempo que se adivinhava isto. Desde que Pacheco Pereira perdeu o juízo e decidiu, por sua conta e risco, banir do mapa Passos Coelho, valendo-se para isso da importante cobertura que detém na comunicação social - veja-se o tempo de antena de que dispõe na Sic notícias, para não falar do jornal Público e outros cuja leitura dispenso, voluntária e energicamente, já que entendo que o pseudo-intelectual de esquerda (convertido ao cavaquismo nos anos oitenta, assim como outros, oriundos do estalinismo mais empedernido, como Zita Seabra e Silva Marques), não passa afinal de um ressabiado do mais puro jacobinismo que destila um ódio de estimação superlativo, que há muito não víamos na sociedade portuguesa. Pois, continuando, desde que Pacheco Pereira se arvorou em lídimo defensor da social democracia para a contrapor a Passos, como o máximo defensor do neoliberalismo e dos valores retrógados do post modernismo, que não cessa de, a tempo e a contratempo, o apelidar de coveiro de Portugal e dos portugueses, augurando-lhe um destino trágico e catastrófico nas próximas eleições legislativas. 
Não foi por acaso, que na noite das últimas eleições para o Parlamento europeu desafiou, no seu afã de destronar o jovem iniciado e primeiro-ministro, desafiou António Costa a avançar para destronar Seguro, ao mesmo tempo que na Fundação Soares, este, com Paulo campos e Vitor Ramalho, entre outros, propunham o atual presidente da Câmara de Lisboa, para candidato a líder socialista. É claro que Costa, entusiasmado pelo convite de tanta sumidade e clarividência, disse logo que sim e instalou-se o caos no partido mais expressivo da velha esquerda na oposição.
Por outro, Pacheco Pereira, como certamente não tem mais nada que fazer que dedicar-se as estas questões, já tinha imaginado, cogitado, arquitetado, uma saída à medida da sua mente brilhante, para a sucessão de Passos, indicando, desde logo, e sem hesitações, o ex-autarca do Porto, Rui Rio, agora regressado à sua função de docente na sua Faculdade de Economia. O mesmo se diga de António Capucho, outro dissidente do actual Psd, mais familiarizado ultimamente com figuras gradas do partido socialista do que com gente próxima do presidente do seu ex-partido. Estou em crer que podem os dois enviar uma embaixada, como a do rei D. Manuel ao Papa, que Rui Rio não só não lhes fará a vontade, como nunca enveredará por qualquer acto de traição semelhante à que António Costa fez em relação a António José Seguro. É que Rio é daqueles que ainda prezam o sentido de honra e de dever, o que não existe lá para os lados da arregimentada conspiração socialistazinha, onde pontificam os Césares, os Coelhos, os Campos, os 25 ex-fundadores do partido, com Mário Soares à frente - uma nota de grande dignidade para o seu filho, João Soares que se demarcou sem hesitação da posição do pai, a quem disse, eufemisticamente, que era um disparate total, aquele texto sobre o punho no ar e os que agora têm medo de tratar os outros por camaradas - , os 8 ex-presidentes da juventude socialista, os ex-"quadros" das empresas públicas, que espreitam, agora, atrelando-se a Costa,  a sua oportunidadezinha de ganharem mais uns tachos, uns subsidiozinhos, uns suplementos, um lugarzinho no conselho geral de tal empresa, de tal banco, de tal fundação, de tal instituto público, enfim, aqueles que nos mantêm reféns deste sistema podre e inquinado, ao qual o Psd, o Cds e o Pcp não são imunes.
Agora se compreende todo este frenesim à volta dos binómios Seguro-Costa versus Passos-Rio. 
Se fosse por vontade dos comentadores da nossa praça, os tais iluminados, como Marcelo, Pacheco Pereira, Marques Mendes, o ganda nóia, a própria Manuela, teríamos já amanhã um governo de coligação Psd-Ps, mas creio que ainda vai demorar muito tempo até que esse grande desígnio, como ele, Pacheco Pereira gosta de dizer, se torne realidade. 
É confrangedor constatar que há pessoas que ainda não perceberam que o "seu" tempo já passou, já não tem retorno e que é preciso aprender com aquele homenzinho que andava lá pela Judeia a mergulhar as pessoas no rio jordão: "é preciso que eu diminua e Ele cresça, que eu me apague e que Ele sobressaia".
Manuel Feliciano

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