terça-feira, 8 de julho de 2014

Tu quoque?

TU QUOQUE?
"Tu quoque" é uma expressão latina que significa: "Também tu?..."
E segundo consta, foi utilizada por Júlio César para referir a traição cometida por seu filho adoptivo Brutus.
Há dois dias atrás, António José Seguro, como se não bastasse o que veio a lume a propósito do apoio dos "25 ex-fundadores do Partido Socialista" a António Costa, viu-se confrontado com a posição, esta nova, dos ex-presidentes da juventude socialista, que à excepção de Jamila, lhe terão voltado as costas e preferido o incontornável Costa que, a cada dia que passa vai angariando mais apoios, mais simpatizantes, mesmo que sejam figuras conotadas com o "regime do sistema", como por exemplo o doutor Campos e Cunha, ex-ministro das finanças de Sócrates. Lá iremos, noutra ocasião.
Tudo começou na noite das eleições europeias, quando, reunidos na Fundação Mário Soares, este, Vitor Ramalho, Paulo Campos e outros conspiravam secretamente, criando cenários, como o que veio acontecer com a "célebre vitória de Pirro" de que Mário Soares fez alarde logo no dia seguinte, comentando para a comunicação social.
Ao mesmo tempo, nessa noite eleitoral, Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, na sua febre incontrolável de derrubar Passos, provocava António Costa desafiando-o a apresentar-se como alternativa a Seguro. 
A partir daqui, é toda uma correria tonta, desenfreada, voraz a ver quem se mete primeiro em bicos de pés para apoiar Costa em detrimento de Seguro. Este, na sua argumentação, ingénua e simples, interroga-se: "que mal fiz eu a Deus para isto me acontecer", "por que carga de água o céu me cai em cima da cabeça?"
Mas estávamos apenas no princípio de uma longa caminhada até à derrocada final. 
Seguro tem legitimidade em argumentar:
Como é que esta gente me quer retirar o tapete, se ganhei duas eleições seguidas?
Como é que esta gente - mesmo até este imberbes caloiros da ex-juventude socialista - tem o desplante, a desilegância e a malvadez de me atraiçoar pelas costas, como o Costa me está a fazer, duma forma cobarde, miserável e cínica?
Não será uma inconstitucionalidade - já agora que se faz tanto apelo à supervisão do Tribunal Constitucional - aquilo que estão a fazer ao secretário-geral do partido socialista, escolhido e eleito por sufrágio, dentro de um partido democraticamente republicano?
Não constitui isto, uma afronta aos princípios da constitucionalidade democrática? E já agora, o que pensam disto os suprassumos da nossa constituição, os Jorges Miranda, os Canotilhos, os mais reputados experts da matéria? Não estará tudo louco, ao ponto de, só e exclusivamente, me quererem deitar abaixo e me arrumarem definitivamente?
É certo que, por força da campanha a que o Costa me obriga, agora tenho ainda de atacar mais o Governo e os seus desmandos, reafirmando as minhas posições, batendo nas mesmas teclas de há alguns meses a esta parte, mas, com franqueza, o que é que eu poderia fazer mais? Não tenho batido, vociferado todos os dias, malhado todos momentos, a tempo e a contra-tempo, contra o Passos e o Portas, uma espécie de Dupont e Dupont já gasta e decrépita? O que é que ainda me falta fazer? 
Será que tenho de me rebaixar ainda mais, de me curvar ao peso do rapapé, da bajulação, da pose de corte imperial, em que se transformou a campanha do António Costa - carradas e carradas de embaixadores, desejosos de cargos e tachos (porque no ar respira-se poder, saliva-se poder e, consequentemente, glória, esplendor, uma atmosfera de incenso e luzes, de comes-e-bebes à custa do zé povinho). 
Por que carga de água é que um presidente de câmara, ainda para mais com algumas situações pouco esclarecidas que convém esclarecer, me quer passar a perna sem motivo, a mim secretário-geral do partido mais representativo da república e da democracia?
Não será tudo isto uma ingratidão? Tu quoque? Também tu Costa?!
Manuel Feliciano






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