terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um Novo Paradigma?

Anselmo Borges, professor de Filosofia da Universidade de Coimbra, padre, no seu brilhante artigo de 26 de novembro, último, no Diário de Notícias, aborda de forma clara e ao mesmo tempo pedagógica a problemática da crise. Partindo da origem da palavra crise (do verbo grego krinein, separar, peneirar - lembram-se da peneira usada para separar a farinha do farelo? - chegar a bom porto), faz-nos viajar por uma pluralidade de sentidos, qual deles o mais interessante. Mas o mais curioso deste artigo é a reflexão que lança sobre o novo paradigma a implementar. O macro-paradigma pós moderno, como ele chama, implica que o trabalho seja visto como um bem escasso, certamente, porém, "um bem a distribuir equitativamente". Isto fez-me pensar naquilo que venho dizendo há anos: temos de defender o valor do trabalho e impedir que haja acumulação de funções, de tarefas que depois também se materializam em acumulação de privilégios, mordomias, benesses, etc. Trata-se de uma perspectiva que não se apropria dos recursos que são de todos, antes os distribui, de uma forma equitativa e solidária. Precisamos de dar mais valor aos outros e às coisas. No fundo, valemos pelo ter ou pelo ser? Há, por isso, que combater e desmistificar aquilo a que ele chama: "a volúpia do consumismo, substituindo-o pela intensidade da vida".
Leonardo Santos

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