sábado, 14 de maio de 2011

Ai, Portugal, Portugal! Do que é que estás à espera?

"Ai, Portugal, Portugal! Do que é que estás à espera? Tens o pé numa galera e outro no fundo do mar!
O refrão desta canção de Jorge Palma é um alerta para o que está a contecer em Portugal.
Estamos à beira do abismo - se é que já não estamos no epicentro dele. Portugal afunda-se a cada dia que passa. Neste momento, o Governo pede empréstimos, a curto prazo, para que, chegados ao final de Maio e Junho, não fiquemos a chuchar no dedo. E nós que estávamos tão bem aqui há uns dias atrás, não fosse a oposição abrir uma crise política - dizia Sócrates, logo secundado pelos seus porta-vozes: os Lellos, Vitalinos, Silveiras e todos os comissários políticos, disfarçados de jornalistas, seus acólitos: os Marcelinos, Saraivas, Tadeus, o inevitável Tavares, agora promovido pelo seu boss Oliveira, dono da Controlinveste (o nome da empresa diz tudo: investe e controlarás), o inefável Macedo, director do jornal digital Dinheiro Vivo e comentador da TV, o sempre solícito Baldaia da TSF e tanta tralha pseudo-jornalista, travestida de moralista - o que eles não disseram do Catroga, ofendidos, efeminados, só porque o homem usou o vernáculo "pentelhos" (o Diário de Notícias nem se atreveu a transcrever a palavra, ficando-se pelas reticências) para sacudir a pressão de um jornalista que o estava a chatear com minudências.
O país enfrenta a pior de todas as crises, desde o século XIX: maior desemprego de sempre, maior défice de sempre, maior dívida pública de sempre, maior dívida soberana de sempre, maior emigração no pós 25 de Abril, maior aumento do número de funcionários do sector empresarial do estado de sempre, menor produtividade de sempre, maior carga de impostos de sempre, maior taxa de inflação do ano, maior taxa de abandono escolar da OCDE. E, apesar de tudo isto, como que a gozar com o povo, o partido do Governo está bem posicionado para ganhar outra vez as eleições. Ai, Portugal, Portugal! do que é que estás à espera?
Como é possível que, a menos de um mês das eleições, o partido do Governo que nos arrastou durante seis anos - sim foi este governo que nos desgovernou precisamente durante os seis últimos anos, de 2005 até agora - para a estagnação (palavra proibida na Agência Lusa), para a bancarrota, para o estado miserável em que se encontra 95% da população portuguesa - possa estar a disputar, segundo as sondagens, a corrida para ganhar as eleições de 5 de Junho? Como é possível? - interrogam-se as pessoas.
Os mais ingénuos e simplistas argumentam que as oposições são fracas e que "p'ra pior já basta assim".
Mas, então, foram as oposições que estiveram à frente do país, que governaram o mesmo durante estes seis anos e que o deixaram na situação miserável em que nos encontramos? Foram, porventura, Passos Coelho, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas ou Francisco Louçã os primeiros-ministros que estiveram à frente do país, que lideraram o governo de Portugal? Ou foi José Sócrates, o primeiro- ministro que, com a sua incompetente e desastrosa e irresponsável e mentirosa actuação levou e arrastou o país e o povo para a maior de todas as crises de que há memória?
É isto que deve ser ponderado, que deve ser objecto de reflexão, quando, no dia das eleições, os portuguesses forem votar. E não, se o partido A, B ou C, propõe mais ou menos taxa social única ou o aumento ou a diminuição dos impostos directos ou indirectos. O que é importante decidir, em 5 de Junho, é saber quem foi o responsável pela desgraçada situação em que nos encontramos e se  essa pessoa foi competente ou incompetente, responsável ou irresponsável, se agiu de boa fé, enquanto desempenhou o cargo de primeiro-ministro, ou se foi maquiavélico, mefistofélico - aquela personagem de Goethe que vende a alma ao diabo - refinado, subreptício, manhoso na arte de enganar o povo, a que chamamos demagogia.
É sobre isto que as pessoas devem pensar e decidir, antes de deitarem o seu voto nas urnas.
Manuel Feliciano

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