sábado, 30 de abril de 2011

"O que conta não é ser, é parecer!"

A fase conturbada por que estamos a passar, a que alguns chamam de pós-democracia, já que o poder efectivo se transferiu para o mundo da economia, da inovação e da tecnologia, pode levar-nos a pensar que não podemos fazer nada para mudar a situação em que nos encontramos, isto é, que o voto não serve para nada!
Nós temos uma opinião diferente, substancialmente diferente.
Apesar da miopia e da pobreza ética e intelectual de muitos dos nossos políticos no activo, não podemos desanimar. Devemos, sim, exigir, com a nossa inquietação e participação, que surja algo de novo que tenha o sentido do risco, da grandeza, do serviço.
Para que surja algo de novo é imperioso e urgente fechar, concluir, acabar definitivamente com este ciclo de dominação socrática que conduziu o país e os portugueses para a situação de falência em que nos encontramos (dominação que se estendeu também a todo o partido socialista, onde predominam os seguidistas do chefe e onde todos têm de dizer Amen, qual rebanho encarreirado de que falava Eça).
Daí a absoluta necessidade de terminar este ciclo que ficará para a história como o "ciclo do Faz-de-Conta" - lembram-se daquela história de António Torrado?) ou diríamos nós: "o Ciclo do Rei Vai nu" (o rei, elogiado pelos conselheiros da sua corte - poderíamos ver aqui todos os Lellos, os Vitalinos, os Silveiras e todos os outros comentadores do"regime" desde Emídio Rangel a Luís Delgado - as voltas que este homem dá!) desmascarado pela criancinha ao colo da mãe.
Para Sócrates, o que conta não é ser. Para Sócrates, o que conta é parecer!
Aconselhado e apaparicado por inúmeros assesores de imagem - gostaríamos de saber quanto é que isso custa ao nosso bolso - surge agora um novo Sócrates, sob fundo verde (o rosa agora já não interessa) a proclamar naquele jeito retórico tão conhecido mas vazio de verdade, o novo Programa Eleitoral do Ps (o s é mesmo assim, pequenino, de propósito, socialistazinho, porque de verdadeiro socialismo nada tem esta direcção política), como se alguma esperança pudesse vir dali, precisamente de onde nos roubaram toda a esperança, hipotecando, com as célebres parcerias público-privadas - a título de exemplo -  o nosso futuro e ainda o que é pior, o futuro dos nossos filhos, os mais jovens.
A mudança de cenário, agora de fundo verde, significa simplesmente isto: o passado, o défice, a dívida pública, a falência de uma governação autista e virtual, já não interessa nada. O que interessa é culpar, culpabilizar a oposição, porque eles até estavam a governar bem, nem sequer precisavam de ajuda externa do FMI. O que interessa é sacudir a água do capote e correr para a frente, alegremente, à procura da esperança verde que aí vem.
Portanto, não nos deixemos embalar na canção desta sereia manhosa que servida por uma comunicação social, igualmente manhosa e desqualificada, sem ética e vergonhosamente comprada, nos vai vender o peixe de um novo e renovado líder, agora patriótico e amigo de todos, dialogante e aberto a consensos.
Manuel Feliciano

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